EU-ILO cooperation
ILO-EU Conference: 'The European Social Model in times of Economic Crisis and Austerity Policies'
The conference will study the evolution of the European Social Model and its different elements in the context of the financial crisis and the introduction of austerity packages in European countries
Hoje de manhã, quando cheguei cedo ao aeroporto
de Sá Carneiro de partida para Bruxelas para assistir à conferência sobre os efeitos da crise e das políticas de austeridade sobre o modelo social europeu e as suasdiferentes manifestações em cada país, encontrei-me pela primeira vez na vida
diante de um placard de partidas no qual não constava o voo para o qual tinha
bilhete, reservado desde janeiro pela Faculdade de Economia. A sensação não é
agradável. Tratou-se afinal de um cancelamento atempado feito pela TAP,
comunicado à agência de viagens, com esquecimento desta última não avisando o
viajante de tal facto. Com a ajuda da colega Pilar González que teve o mesmo
problema e com a capacidade de resolução deste tipo de problemas que ainda
subsiste entre os responsáveis pelas falhas observadas, lá se conseguiu um voo
por Lisboa, com o custo de cerca de 11 horas entre a hora de chegada ao
aeroporto e a chegada a Bruxelas.
Estou com alguma curiosidade para saber se o
clima de branqueamento que se vive pela Comissão Europeia nas suas Direções
Gerais mais identificadas com os programas de resgate financeiro sobre as consequências
de tais ajustamentos é ou não extensivo à DG Emprego e Assuntos Sociais e à própria
OIT. Os contributos dos 11 estudos por país que a obra coordenada por Daniel
Vaugham-Whitehead integra dão matéria bastante para uma perspetiva bem crítica
do modo como tais ajustamentos foram praticados e o estudo sobre o Reino Unido é
bem revelador da enorme destruição que o governo conservador deixa atrás de si
em matéria de proteção social. Mas nestas coisas a agenda que está implícita
nestas publicações nem sempre é controlada pelos autores.
Estou por isso curioso em sentir qual é o
ambiente e de que modo as eleições europeias em marcha pesam nos contornos políticos
desse mesmo ambiente.
A evidência recolhida aponta para histórias muito
mal contadas sobre as mensagens e ensinamentos que foram tentados com estes
programas de ajustamento de natureza punitiva, acenando com modelos mais ou
menos inspirados no modelo alemão.
A este respeito, é bem interessante a crónica que
o amigo Alberto Castro publica esta semana no Jornal de Notícias, designada de “Actos”.
Cito porque atinge na mouche o que é necessário desmontar:
“(…) Em termos da economia como um todo, a Alemanha é
vista como um caso de ajustamento bem-sucedido, reflectido num acréscimo de
competitividade internacional e na pujança das suas exportações. Como é que
aquelas alterações operaram, na prática? Algo surpreendentemente, análises
recentes
(http://www.voxeu.org/article/german-resurgence-it-wasn-t-hartz-reforms)
apontam a descentralização do processo negocial para um nível próximo da
empresa e o forte envolvimento das comissões de trabalhadores como elementos críticos
do sucesso. Quer um aspecto, quer outro, são elementos institucionais,
enraizados na respectiva cultura das relações laborais. As mudanças na
legislação laboral, designadamente no que diz respeito à flexibilização dos
despedimentos, pouca influência teriam tido. Como assim? Não foi isso que a
troika e o Governo nos têm dito ser fundamental? Os modelos, sobretudo quando
muito ligados a culturas e tradições específicas, não são fáceis de
transplantar. Ainda assim, há alguns sinais que possam ser lidos como indo na
direcção da experiência alemã? O Governo, por exemplo, tem dúvidas que as
câmaras municipais possam negociar com os seus trabalhadores as condições do
competente horário de trabalho. E quer combater a evasão fiscal sorteando
automóveis, de luxo de preferência! Ocorre-me que a descentralização da
negociação impõe às empresas contas certas e transparentes. Ou não? Um acto
vale mais do que mil palavras. É esta a apregoada reforma de Estado?”
Pois, há histórias muito mal contadas, que só não
provocam interrogações em quem tem uma agenda escondida e encontra na via
punitiva a melhor forma de a aplicar, atribuindo aos credores as culpas no cartório.
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