(Em tempos que exigem clarificação as
personalidades indolores não se recomendam)
Num fim de semana às voltas com o projeto das classes médias para a OIT
(com os meus colegas Pilar González, Luís Delfim, ambos FEP – UP e Hugo Figueiredo,
Universidade de Aveiro), logo com muito pouco tempo para trabalho de blogue, a
cujos resultados preliminares regressarei nos próximos dias, dou comigo a
registar uma inquietação.
Parece indiscutível que os tempos são de clarificação à esquerda, sobretudo
para as bandas do PS. Não é altura para paninhos quentes, pensamento mole,
agradar a gregos e troianos (o que é que significará hoje esta expressão?),
personalidades indolores ou "desculpa lá o que vou dizer". No fio da navalha da hesitação, o PS pode
estar a jogar nos tempos mais próximos a sua digna sobrevivência com algo a oferecer
nos novos rumos da democracia, ou então a submergir para uma longa hibernação, à
espera de um contingencial príncipe ou princesa encantado(a), visionário (a)
dos tempos futuros.
Pois as leituras fugidias deste fim de semana parece que colocam a Barbie
Belém (um carinho para Maria de Belém) em torno dos 25% de intenções de voto
para as presidenciais (não me responsabilizo pelo número e pela fonte), dando
energia a uma corrente do PS que gosta de consensos insípidos, sem um cabelinho
fora do sítio, maternal quanto baste, colocando entre outras coisas não
propriamente menores três prestigiados ex-Presidentes em cheque com o seu apoio
explícito a Sampaio da Nóvoa.
Felizes e seguros por encontrarem um candidato à medida das suas reduzidas ambições,
estas mentes esclarecidas são bem a imagem de descrédito e de rendição em que
os socialistas europeus estão mergulhados e que, pelos vistos, não perderam a
esperança de domar o que resta de inquietação no PS restante.
Que os deuses me acudam (qualquer um serve) e me protejam de tão insigne
contaminação.
É melhor regressar ao tema das classes médias, mais propriamente aos Middle
Income Groups e aprofundar a narrativa complexa sobre a sua evolução mais
recente.
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