Um pequeno break na avalanche noticiosa sobre a Grécia e a Zona Euro para aqui mencionar um interessante estudo conjunto (realizado pela consultora económica “Rhodium Group” e pelo berlinense “Mercator Institute for China Studies”) sobre a previsível evolução no futuro próximo do investimento chinês no exterior, com especial ênfase no investimento direto com destino europeu (capa acima).
Dele retiro duas informações especialmente relevantes. A primeira é a que se encontra sintetizada no gráfico seguinte, a qual vai no sentido de uma China a tornar-se o maior país investidor transfronteiriço à escala global até ao final da presente década – ativos detidos a triplicarem dos atuais 6,4 biliões de dólares para cerca de 20 biliões em 2020.
A segunda, enquadrada pela evidência de uma importância minoritária mas crescente assumida pelos investimentos diretos em países industrializados e particularmente na Europa, surge no mapa abaixo e permite constatar que os 46 mil milhões de euros que a China já investiu em 1047 operações do tipo nos 28 países da União Europeia desde o início do século se concentraram largamente no Reino Unido (26,5%), seguindo-se-lhe a Alemanha (15%), a França (12,8%) e – facto deveras sintomático! – Portugal (11,1%). O nosso país é, assim, o quarto maior receptor europeu de investimento direto chinês, bem distanciado da Itália, da Holanda, da Hungria, da Suécia ou da Espanha. Ironia das ironias, portanto: vieram a ser os chineses os verdadeiros subscritores práticos de teses tão estafadamente badaladas no passado como as de Portugal como possível porta de entrada na Europa ou como possível ponte privilegiada entre a Europa, a América do Sul e a África – o futuro elucidará melhor os custos, diretos e indiretos e não apenas financeiros, associados a esta entrega estratégica...
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