domingo, 26 de julho de 2015

REFORMAS ESTRUTURAIS E O SACRIFÍCIO DO CORDEIRO

(The frayed flag over Athens last week. Credit Alkis Konstantinidis/Reuters)



(Stiglitz no New York Times…)

O economista Joseph Stiglitz não tem sido meigo escrevendo sobre a inépcia das instituições internacionais e comunitárias em resolver o problema grego, indo ao ponto de ir além da simples acusação de inépcia para, usando a sua experiência quando passou pelo lugar de economista-chefe do Banco Mundial, acusar tais instituições de defesa de interesses inconfessáveis, regra geral escondendo-se atrás do conceito de reformas estruturais. Recentemente no New York Times, com a difusão que o jornal possibilita, atira certeiro. Citando:

“(…) Reformas estruturais são necessárias, tal como o eram na Indonésia (um caso de estudo que Stiglitz utiliza no artigo), mas muitas das reformas que têm sido exigidas têm pouco que ver com os problemas reais que a Grécia enfrenta. O racional que subjaz a uma das reformas estruturais chave não têm sido muito bem explicadas seja ao público grego seja aos economistas que as querem compreender. Na ausência de uma tal explicação, existe uma convicção generalizada na Grécia de que interesses particulares, dentro e fora do país, estão a usar a Troika para conseguirem o que não teria sido possível por processos democráticos.
Considerem o caso do leite. Os Gregos gostam de leite fresco, produzido localmente e distribuído rapidamente. Mas os produtores holandeses e outros europeus gostariam de aumentar as suas vendas, transportando o seu leite a longas distâncias e bastante menos fresco, simulando que é tão fresco como o leite local. Em 2014, a TROIKA forçou a Grécia a suprimir a etiqueta “fresco” e permitindo um período maior de validade. Agora está a exigir a supressão da regra de cinco dias de validade para leite pasteurizado. Nestas condições, os produtores em grande escala acreditam que podem suplantar os produtores de pequena escala (…)

Stiglitz sabe do que fala e em casos similares Portugal seguiu os trilhos impostos à Grécia, neste caso talvez com maior predomínio de interesses particulares internos do que externos.

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