Estes dias já não são minimamente propícios a grandes e sofisticadas reflexões. Razão pela qual apenas aqui quero deixar o registo de uma importante e interessante entrevista de António Vitorino ao “Público” (chamada de capa acima). Onde fala da Alemanha, do seu momento unipolar, do seu lento processo de aprendizagem, do seu agarramento à limitada narrativa que construiu há quatro anos, do seu funcionamento mais em registo de filtro do que em forma de diktat, do europeísmo de Schäuble e da “purificação do euro”. E também de um necessário regresso à intergovernamentalidade na União Europeia. E, obviamente, da crise grega, entre as responsabilidades do governo helénico, os limites da gestão em modo de urgência e com soluções ad hoc, o erro de uma humilhação grega que levará muitos anos a apagar, um “Grexit” apenas escondido e que voltará com maior gravidade e o lamento de que a questão central das reformas da UEM tenha sido desviada do centro do debate europeu. E, ainda, da dupla partilha, do risco e da soberania, enquanto os dois elementos fundamentais da UEM, assim como das partes entre as quais ela se vai poder fazer e sob que fórmulas. Não esquecendo as questões da legitimidade democrática, da governação económica, do eixo Paris-Berlim, do Reino Unido, da falta de uma alternativa de centro-esquerda e dos desafios a que urge responder, do interesse nacional e do otimismo que mantém (porque “a implosão deste projeto é uma catástrofe global”). Um mar imenso de assuntos, demasiado sérios e polémicos para serem tratados à pressa e ao sol – assim sendo, fico-me pelo grosseiro check-list temático acima reproduzido e por uma promessa de retoma em momento próximo mas mais apropriado. Esperando que, entretanto, os tubarões respeitem este período de tréguas e, como aconteceu a Mick Fanning, não se ponham a surpreender/atacar os surfistas...
(Giannis
Kalaitzis, http://www.efsyn.gr)
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