segunda-feira, 20 de julho de 2015

PRAGAS IBÉRICAS

(Andrés Rábago García, “El Roto”, http://elpais.com)

Nunca depois de Franco e Salazar – apesar de tudo, bem diferentes em muitos aspetos relevantes – a Ibéria tinha encontrado duas lideranças governativas tão fortemente irmanadas. Na endémica boçalidade, na incorrigível mediocridade, no contorcionismo servil, no deslumbramento novo-riquista, no desavergonhado vale tudo. De facto, Pedro e Mariano ou Mariano e Pedro – porque, sendo feitos da mesma massa, os dois levam-no mais longe e quase parecem funcionar por osmose – são o símbolo vivo de uma península que já olhou de frente e foi exemplo mas que sofre agora os efeitos do tanto que foi feito para lhe apagar a chama, para lhe dobrar a espinha, para a acinzentar numa estrita e vã existência obediente.

Claro que Rajoy tem de enfrentar problemas de que Passos está por natureza dispensado. Como as regiões e o “Podemos”, especialmente. A escala dos constrangimentos respetivos também difere, mas não é assim tão líquido se ela favorece algumas manifestações de simpatia em favor do “Portugal dos pequeninos” que Passos finge dirigir ou se, pelo contrário, ela tende a proteger o escondimento de Rajoy atrás da dimensão que lhe respeita (too big to...) – veja-se o exemplo do resgate a que conseguiu formalmente escapar em nome de uma simples ajuda europeia aos bancos espanhóis.

Mas, por um momento, deixemos Passos em paz. Até porque o homem, todos os dias e a quase todas as horas, faz questão de nos visitar sem convite através dos ecrãs televisivos. E fiquemo-nos, então, pelo mero foco hispânico que segue, na certeza de que nele encontraremos infindáveis motivos para aproximações lusitanas...






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