quinta-feira, 2 de julho de 2015

RETRATO ROBOT DOS SOCIALISTAS EUROPEUS




(Um rosto representativo da capitulação socialista)

O estado das coisas em que a política europeia está presentemente mergulhada, com a mais completa rejeição de uma gestão macroeconómica mais equilibrada que economistas e outros intelectuais decentes e não comprometidos com qualquer agenda financeira têm recomendado, não resulta do agravamento da situação grega. É antes o resultado de uma longa deterioração desse estado de coisas que começou quando as incidências e avanços do projeto europeu se afastaram do escrutínio democrático nacional em simultâneo com a reduzida afirmação do Parlamento Europeu. O consulado de Barroso ficará indissociavelmente ligado na história a essa degradação, por muito que se queira branquear essa presidência da Comissão Europeia para massajar o decrépito ego nacional.

Mas esse estado das coisas não teria sido atingido sem o colaboracionismo capitulador dos socialistas e sociais-democratas europeus, processo que é mimético da divisão norte-sul, sobretudo a partir do momento em que após os tempos de Mário Soares em Portugal e de Felipe Gonzalez em Espanha os socialistas ibéricos praticamente deixaram de se fazer ouvir entre os socialistas europeus. O processo teve o seu cavalo de Tróia. O blairismo foi essa entrada que precipitou a vulgarização do pensamento socialista europeu. Sim, Tony Blair, essa personagem hoje digna de uma igreja do tipo IURD ou similar e que se passeia nas pretensas missões internacionais de paz e que as utiliza para valorização dos seus próprios negócios, transformando a sua função numa das mais indecorosas utilizações da política para benefício empresarial próprio, com o beneplácito de mundo apático, indiferente ou claramente comprometido.

Neste estado das coisas, todo o pensamento económico progressivo, por exemplo o que se acolhe junto do movimento da Progressive Economy, foge da intervenção política socialista ou social-democrata como o diabo foge da cruz e isso por razões válidas. Daí que essa intervenção mais progressiva de economistas e outros intelectuais caia na esfera de influência de outros grupos políticos que não os que se projetam mais diretamente no universo da governação. Os socialistas e sociais-democratas europeus mostram-se hoje incapazes de ser interlocutores dessa reflexão económica e política porque se mostram incapazes de a traduzir numa atuação política consequente, tamanha é a sua cumplicidade com as teses apadrinhadas pelo PPE, quaisquer que sejam as orientações e conflitualidades internas deste último.

A existência de uma figura robot dá sempre jeito para mostrar a um filho ou neto mais curiosos em que é que o pensamento socialista e social-democrata europeu se transformou.

O encaracolado Jeroen Dijsselbloem, ministro das finanças holandês e presidente do Eurogrupo, é o retrato robot de toda essa capitulação e deterioração de pensamento. E, além disso, é claramente metafórico que seja um “socialista” europeu a presidir ao Eurogrupo, com larga probabilidade de renovar o seu mandato.


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