quarta-feira, 8 de julho de 2015

TSIPRAS PUXA PELA DEMOCRACIA NA EUROPA


Assisto ao vivo a mais um episódio relevante desta triste mas bem realista produção greco-europeia a que vamos assistindo. Trata-se da há muito esperada visita de Alexis Tsipras ao Parlamento Europeu, reunido em plenário em Estrasburgo. Tantos já falaram, dizendo genericamente o que deles se esperava – com palavras mais ou menos avulsas, e facilmente endossáveis, como desapontamento e provocação, proposta concreta, compromisso, democracia, futuro ou fim da moeda única. Abaixo de qualquer classificação o discurso trauliteiro do alemão que lidera o maior partido (PPE), Manfred Weber; fortemente vaiado por uma boa parte da audiência, Weber foi logo truculentamente defendido pelo nosso pequeno Rangel que, sempre pronto a pôr graxa no calçado dos chefes, descobriu a pólvora ao perguntar a Tsipras porque não organizou o seu referendo há mais tempo – que inteligência, que brilhante manifestação de perspicácia política! Bem afinados e com um discurso consistente e estruturado na matéria, os liberais encabeçados por um Guy Verhofstadt algo arrogante e menos inspirado do que habitualmente. Previsivelmente alinhada, a esquerda reunida no Grupo GUE, e ligeiramente mais críticos os ecologistas. Felizes e confortáveis os populistas, designadamente Nigel Farage e Marine Le Pen.

Quanto aos deputados socialistas e democratas, eles têm estado razoavelmente bem (com destaque para Gianni Pitella, Roberto Gualtieri, Elisa Ferreira, Pervenche Berès, Udo Bullmann e até Maria João Rodrigues) mas carregam lamentavelmente aos ombros o fardo das más companhias e dos péssimos exemplos de “camaradas” como Sigmar Gabriel, Jeroen Djaisselbloem ou Martin Schulz. A reestruturação de uma dívida impagável e o regresso ao “método comunitário” surgindo como argumentos mais fortemente diferenciadores. 

Paro por ora, porque é tempo de ouvir a resposta de Tsipras. Voltarei ao assunto, se e quando se justificar.

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