quinta-feira, 16 de julho de 2015

CABEÇA ENTRE AS ORELHAS, E DEPOIS?


Ao contrário do habitual, esta noite dormi um sono leve e sob o signo de uma inexplicável irritação difusa. Não, não foi um desses malfadados mosquitos que no Verão tanto gostam de sugar o meu querido e, pelos vistos, adocicado sangue. Acho que foi tão-só o resultado de um debate televisivo (sobre a crise grega, pasme-se!) que passava fora de horas na TVI 24 enquanto eu me dedicava a assuntos de trabalho à secretária.

Porque dessa conversa que era protagonizada por aqueles dois convidados de Paulo Magalhães, os quais pareciam ter tudo para ser pares à mesa, me ficou um enorme ruído de fundo mas, sobretudo, a perceção (inesperada mas nítida) da avassaladora distância que separa aqueles homens maduros (curiosamente da mesma idade até), experientes e tidos por nivelados em termos de preparação cultural e cívica. Refiro-me a qualidade pessoal e intelectual, a valores sociais e humanos, a sabedoria ponto. E refiro-me a um José Gil espesso e sem “medo de existir” por oposição a uma inexistência rasteira chamada Francisco Sarsfield Cabral (FSC). Sabendo-se que o primeiro é professor universitário e filósofo e que o segundo é jornalista e um alegado especialista em temas económicos e políticos, como não aceitar que a cara até dê com a careta? Mas o diálogo de surdos foi por demais gritante (foi mesmo pungente ouvir um pacóvio FSC a argumentar com um Varoufakis entretido a exibir a mulher!) para lhe passar à margem. Arquive-se então o caso como uma renovada confirmação de que não basta andar por aí para ser – porque ser é pensar e agir sob a égide suprema do que vamos tendo o engenho de acumular no espaço cerebral...

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