domingo, 15 de novembro de 2015

A CAMINHO DE MONTEMOR-O-NOVO




(Mais uma incursão cívico-profissional pelo território, agora para intervir num seminário em Montemor-o-Novo sobre a sua carta estratégica para 2025 e versando o tema da atração de residentes)

Eis o resumo da intervenção.

CONSTRANGIMENTOS, DESAFIOS E MARGEM DE MANOBRA DE UM IMPULSO ÀS POLÍTICAS LOCAIS DE ATRAÇÃO DE RESIDENTES
- O CASO PARTICULAR DO ALENTEJO

A comunicação analisa as condições de forte concorrência entre os territórios para a conceção e implementação de políticas de atração de residentes, dado o elevado número de municípios que entraram já em fases de crescimento natural negativo, no quadro das previsões disponíveis sobre o cenário demográfico expectável para a sociedade portuguesa nos próximos 50 anos . Embora a geo-política dos territórios de baixa densidade e em regressão demográfica introduza diferenciações importantes na capacidade de introduzir singularidades nas políticas de atração de residentes (veja-se por exemplo a proximidade de Montemor-o-Novo face à aglomeração metropolitana de Lisboa), é possível discutir o tema com alguma generalização, tamanha é a magnitude dos constrangimentos e desafios face à estreiteza das margens de manobra que se abrem para a sua eficaz concretização.
A comunicação joga com o confronto entre duas metáforas, que correspondem no fundo a dois modelos de atração de residentes – BUILD IT AND THEY WILL COME versus LET THEM COME AND THEY WILL BUILD IT. A metáfora é construída em torno de contributos recentes do economista americano PAUL ROMER, elaborados esclareça-se em torno das políticas de urbanização e do seu peculiar projeto das CHARTER CITIES que ele dirige na NEW YORK STERN UNIVERSITY e por mim adaptado ao contexto desta discussão. A metáfora pretende contrapor o paradigma praticado sem grande êxito em Portugal em tempos passados do BUILD IT AND THEY WILL COME com as exigências de um paradigma alternativo em que a atração de pessoas, de investimento e a criação de condições facilitadoras seja mais integrada.
O LET THEM COME AND THEY WILL BUILT IT é a metáfora dessa integração, com tudo o que isso implica de experimentação, de coordenação de processos e de focagem rigorosa dos públicos-alvo e dos espaços de influência que se pretende envolver na promoção de um novo ciclo de atração de residentes.
E a tese desenvolvida é a de que tendo em conta os desenvolvimentos passados do BUILD IT AND THEY WILL COME, os desafios da atração de residentes estão hoje mais concentrados em processos de governança, de coordenação e qualificação de serviços, de comunicação direcionada e agressiva e de construção de atmosferas propícias à atração e integração de novos residentes do que propriamente numa nova geração de infraestruturas facilitadoras de boas condições de vida. Até porque os públicos-alvo atrás mencionados não são sensíveis ou recetivos aos mesmos padrões de amenidades ou de condições de vida. A atração de residentes é um projeto matricial e transversal ao território e ao município e daí a dificuldade da sua implementação, não descurando como é óbvio os constrangimentos gerais que sobre ele pesam.
No caso do Alentejo e socorrendo-me da minha experiência de trabalho junto da RUCI CORREDOR AZUL, em que Montemor-o-Novo estava integrado, não é líquido que os “Alentejos” projetados pelo seu sistema de atores, incluindo aqui os projetos municipais, convirjam numa imagem de Região para o exterior em torno da qual uma atração de residentes possa ser comunicada a nível municipal, beneficiando desse reconhecimento como Região atrativa.
Sabemos o que é que tem de ser feito de modo diferente, mas há muito ainda que trabalhar para construir uma integração operacional entre atração de residentes, de investimento, de capacidade empresarial e de condições facilitadoras.

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