(Mais uma incursão
cívico-profissional pelo território, agora para intervir num seminário em
Montemor-o-Novo sobre a sua carta estratégica para 2025 e versando o tema da
atração de residentes)
Eis o resumo da intervenção.
CONSTRANGIMENTOS, DESAFIOS E MARGEM DE MANOBRA DE UM
IMPULSO ÀS POLÍTICAS LOCAIS DE ATRAÇÃO DE RESIDENTES
- O CASO PARTICULAR DO ALENTEJO
A comunicação analisa as condições de forte concorrência
entre os territórios para a conceção e implementação de políticas de atração de
residentes, dado o elevado número de municípios que entraram já em fases de
crescimento natural negativo, no quadro das previsões disponíveis sobre o
cenário demográfico expectável para a sociedade portuguesa nos próximos 50 anos
. Embora a geo-política dos territórios de baixa densidade e em regressão demográfica
introduza diferenciações importantes na capacidade de introduzir singularidades
nas políticas de atração de residentes (veja-se por exemplo a proximidade de
Montemor-o-Novo face à aglomeração metropolitana de Lisboa), é possível
discutir o tema com alguma generalização, tamanha é a magnitude dos
constrangimentos e desafios face à estreiteza das margens de manobra que se
abrem para a sua eficaz concretização.
A comunicação joga com o confronto entre duas metáforas,
que correspondem no fundo a dois modelos de atração de residentes – BUILD IT
AND THEY WILL COME versus LET THEM COME AND THEY WILL BUILD IT. A metáfora é
construída em torno de contributos recentes do economista americano PAUL ROMER,
elaborados esclareça-se em torno das políticas de urbanização e do seu peculiar
projeto das CHARTER CITIES que ele dirige na NEW YORK STERN UNIVERSITY e por
mim adaptado ao contexto desta discussão. A metáfora pretende contrapor o
paradigma praticado sem grande êxito em Portugal em tempos passados do BUILD IT
AND THEY WILL COME com as exigências de um paradigma alternativo em que a
atração de pessoas, de investimento e a criação de condições facilitadoras seja
mais integrada.
O LET THEM COME AND THEY WILL BUILT IT é a metáfora dessa
integração, com tudo o que isso implica de experimentação, de coordenação de
processos e de focagem rigorosa dos públicos-alvo e dos espaços de influência
que se pretende envolver na promoção de um novo ciclo de atração de residentes.
E a tese desenvolvida é a de que tendo em conta os
desenvolvimentos passados do BUILD IT AND THEY WILL COME, os desafios da
atração de residentes estão hoje mais concentrados em processos de governança,
de coordenação e qualificação de serviços, de comunicação direcionada e
agressiva e de construção de atmosferas propícias à atração e integração de
novos residentes do que propriamente numa nova geração de infraestruturas
facilitadoras de boas condições de vida. Até porque os públicos-alvo atrás
mencionados não são sensíveis ou recetivos aos mesmos padrões de amenidades ou
de condições de vida. A atração de residentes é um projeto matricial e
transversal ao território e ao município e daí a dificuldade da sua
implementação, não descurando como é óbvio os constrangimentos gerais que sobre
ele pesam.
No caso do Alentejo e socorrendo-me da minha experiência
de trabalho junto da RUCI CORREDOR AZUL, em que Montemor-o-Novo estava
integrado, não é líquido que os “Alentejos” projetados pelo seu sistema de
atores, incluindo aqui os projetos municipais, convirjam numa imagem de Região
para o exterior em torno da qual uma atração de residentes possa ser comunicada
a nível municipal, beneficiando desse reconhecimento como Região atrativa.
Sabemos o que é que tem de ser feito de modo diferente,
mas há muito ainda que trabalhar para construir uma integração operacional
entre atração de residentes, de investimento, de capacidade empresarial e de
condições facilitadoras.
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