(Impressões
de um debate)
A Câmara Municipal (CM) de Montemor-o-Novo tem em
elaboração a sua Carta Estratégica de Desenvolvimento para o horizonte 2025 e
promoveu no Convento da Saudação, lá bem no alto do Castelo, onde funciona com êxito
a Espaço do Tempo, uma associação cultural bastante dinâmica e imaginativa, um
seminário para discussão de alguns elementos preliminares dessa Carta Estratégica.
A convite da equipa que está a elaborar para a CM esse trabalho (coordenada
pelo amigo Dr. Oliveira das Neves) e da própria Presidente da CM, participei
hoje num painel, moderado pelo Professor João Guerreiro da Universidade do
Algarve, e em que tive por companhia dois outros Antónios, o António Mendes
Batista, já retirado das lides da administração pública, mas sempre com uma
grande sensibilidade aos processos de desenvolvimento em territórios de mais
densidade e o Professor António Covas (Universidade do Algarve) que tem ultimamente
dado mostras de grande imaginação criativa na análise do rural distintivo ou
diferenciador como ele gosta de contrapor ao tema do rural competitivo.
Da minha intervenção já aqui falei no passado domingo,
pelo que me resta deixar aqui uma nota de apreço pela qualidade e diversidade
dos processos de desenvolvimento local que o Alentejo vem manifestando, num
misto de resiliência e resistência que tem conseguido atrair à Região (e Montemor-o-Novo
tem-se destacado nessa matéria) agentes locais com grande capacidade de
iniciativa. Hoje falou-se muito menos de infraestruturas e mais de imaterial,
menos de tradição e mais de criatividade, do local a olhar para o mundo e não
para si mesmo. As dinâmicas de perda que é necessário inverter são pesadas e não
é o esforço municipal isolado que o fará sozinho. Mas essas dinâmicas locais não
poderão ficar eternamente à espera dos grandes investimentos e da grande inversão.
A Carta Estratégica de Montemor-o-Novo fará o seu percurso
e a sessão de hoje será um simples momento de uma trajetória mais permanente.
Mas para mim conta o símbolo do Espaço do Tempo, um projeto
cultural protagonizado por Rui Horta, concebido a partir de Montemor-o-Novo na
perspetiva do Let them come and they will
build it. O Espaço do Tempo existe e precede uma eventual recuperação
alindada do Convento da Saudação que ainda não foi totalmente concretizada. A
consolidação da ideia vai tornar a recuperação irreversível. Uma outra maneira
de fazer as coisas.
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