terça-feira, 17 de novembro de 2015

AINDA MONTEMOR-O-NOVO




(Impressões de um debate)

A Câmara Municipal (CM) de Montemor-o-Novo tem em elaboração a sua Carta Estratégica de Desenvolvimento para o horizonte 2025 e promoveu no Convento da Saudação, lá bem no alto do Castelo, onde funciona com êxito a Espaço do Tempo, uma associação cultural bastante dinâmica e imaginativa, um seminário para discussão de alguns elementos preliminares dessa Carta Estratégica. A convite da equipa que está a elaborar para a CM esse trabalho (coordenada pelo amigo Dr. Oliveira das Neves) e da própria Presidente da CM, participei hoje num painel, moderado pelo Professor João Guerreiro da Universidade do Algarve, e em que tive por companhia dois outros Antónios, o António Mendes Batista, já retirado das lides da administração pública, mas sempre com uma grande sensibilidade aos processos de desenvolvimento em territórios de mais densidade e o Professor António Covas (Universidade do Algarve) que tem ultimamente dado mostras de grande imaginação criativa na análise do rural distintivo ou diferenciador como ele gosta de contrapor ao tema do rural competitivo.

Da minha intervenção já aqui falei no passado domingo, pelo que me resta deixar aqui uma nota de apreço pela qualidade e diversidade dos processos de desenvolvimento local que o Alentejo vem manifestando, num misto de resiliência e resistência que tem conseguido atrair à Região (e Montemor-o-Novo tem-se destacado nessa matéria) agentes locais com grande capacidade de iniciativa. Hoje falou-se muito menos de infraestruturas e mais de imaterial, menos de tradição e mais de criatividade, do local a olhar para o mundo e não para si mesmo. As dinâmicas de perda que é necessário inverter são pesadas e não é o esforço municipal isolado que o fará sozinho. Mas essas dinâmicas locais não poderão ficar eternamente à espera dos grandes investimentos e da grande inversão.

A Carta Estratégica de Montemor-o-Novo fará o seu percurso e a sessão de hoje será um simples momento de uma trajetória mais permanente.


Mas para mim conta o símbolo do Espaço do Tempo, um projeto cultural protagonizado por Rui Horta, concebido a partir de Montemor-o-Novo na perspetiva do Let them come and they will build it. O Espaço do Tempo existe e precede uma eventual recuperação alindada do Convento da Saudação que ainda não foi totalmente concretizada. A consolidação da ideia vai tornar a recuperação irreversível. Uma outra maneira de fazer as coisas.


Sem comentários:

Enviar um comentário