(caricatura de Luís Grañena, http://visao.sapo.pt)
A morte não escolhe geografias nem idades. Como também não discrimina em favor – ou até talvez discrimine, mas em sentido contrário! – das cabeças que contam, porque existem, ou dos homens que valem, porque vivem.
Hoje é um dia negro porque desapareceu subitamente um dos daqui, Paulo Cunha e Silva (53 anos). O choque e a tristeza relevar-me-ão a falta de mais palavras acerca de alguém "vibrante" (boa definição, Teresa Lago!) a quem me fui frequentemente referindo com admiração neste espaço (posts de 15 de novembro de 2013, de 22 de outubro de 2014 ou de 22 de junho de 2015, p.e.). Dias atrás tinha ocorrido a morte do José Fonseca e Costa (82 anos), um “homem do contra” e um grande do cinema português (realizou, entre outros, “Kilas, o Mau da Fita”, “Sem Sombra de Pecado” ou “Balada da Praia dos Cães”) cuja paixão surgira na sua Angola colonial de origem, a 600 quilómetros de Luanda, onde “o cinema chegava às quartas e aos domingos” e “a minha cabeça viva povoada de imagens que tinham pouco a ver com a realidade que me circundava”.
De fora do retângulo chegam-nos também notícias de dois falecimentos relevantes: o do “novo filósofo” André Glucksmann (78 anos) – uma história de vida que fui seguindo, mesmo quando rompeu com o marxismo, mudou de companhias sartrianas e se aproximou de ideias neoconservadoras ou, mais recentemente, apoiou políticos como Sarkozy – e o do velho estadista e europeísta Helmut Schmidt (96 anos) que por cá tanto ajudou à consolidação democrática liderada por Mário Soares.
Viver tem muita coisa, mas também é uma aventura de risco iminente...
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