sábado, 14 de novembro de 2015

ISTO CHEIRA-ME A ESTURRO




(As máscaras vão caindo)

Voltemos à política interna, tão pequenina face ao que o mundo nos reserva.

O cheiro a esturro não é regra nauseante. Mas este é. À direita, as máscaras vão caindo, uma a uma, sem pudor. Uma das sensações de imobilismo que o país vai dando é proporcionada pelo desfile de personalidades e instituições a Belém, não para adorar o Menino, mas para dar resposta a um cada vez mais hirto e insuportável Cavaco. É impressionante como é possível observar a falta de renovação destes representantes institucionais e a medida em que eles foram capturados pela proximidade às forças políticas.

Destaco duas. A CAP e o Fórum da Competitividade. A primeira é hoje uma claríssima extensão do CDS-PP e dos interesses de Portas e da ex-ministra Cristas. Alguém percebeu em que medida os interesses reais da agricultura portuguesa (haveria que discutir que agriculturas portuguesas estão hoje representadas pela CAP) exigem eleições antecipadas e um governo de gestão até que isso seja possível? O descaramento e a falta de pudor desta agremiação é gritante e face a esta proximidade ao CDS a velha correia de transmissão que se imputava à Intersindical faz papel de anjinho nesta matéria. Imaginamos os favores prestados à agremiação. Quanto ao Fórum da Competitividade e à múmia petrificada de quem o representa, Pedro Ferraz da Costa, alguém hoje entende o papel concreto que esta agremiação desempenha para os objetivos de competitividade da economia portuguesa? Alguém já se interrogou sobre o Value for Money dos recursos públicos e comunitários que têm sido canalizados para esta agremiação? Alguém tem dúvidas de que o Fórum da Competitividade é hoje uma mera extensão política da direita, representando-se a si próprio e sem qualquer dimensão de representação empresarial? Alguém compreende como é que uma múmia petrificada como Pedro Ferraz da Costa é compatível com as ideias de mudança e de inovação que deveriam atravessar um Fórum desta natureza?

A queda das máscaras prolonga-se na mais recente diatribe de Passos e seus apaniguados de solicitar uma revisão constitucional à medida de novas eleições. Gostaria de saber se os gurus do Observador continuam a defender que Passos tem o perfil de homem de Estado. Mas as máscaras caem também com a pressão inaudita, por exemplo de um Pires de Lima, sobre Marcelo, incomodados com o seu silêncio sobre a possibilidade de eleições em 2016. Toda esta gente tem andado a disfarçar usando o léxico da democracia. É nestes momentos que se compreende a verdadeira essência destas personagens. A compostura desliza rapidamente para o mais primário estatuto de arruaceiro (com Nuno Melo à cabeça). E até o aparentemente mais elaborado Paulo Rangel não resiste à euforia reivindicativa.

Isto é apenas a antecâmara do que um eventual governo de Costa poderá esperar enquanto entorno interno.

À esquerda, valha-nos a postura espessa do PCP para quem um acordo, por mais mínimo que seja, ainda é um acordo, pois do Bloco esperar contenção poderá custar caro.

Continuo a recear antecipar o que irá pela cabeça tortuosa de Cavaco.

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