quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A CAMINHO DE UM NOVO GOVERNO – LIVE (X)


Cavaco já voltou da Madeira mas não quis deixar de deixar ditas mais umas baboseiras à despedida. Ontem, passou o dia a receber “banqueiros” – o nome pomposo que resolveram atribuir aos homens que trabalham na banca ou para ela – e, a crer nas declarações de alguns (Ulrich em especial), até poderá ter ouvido muito daquilo que não esperava nem queria ouvir. Hoje, será a vez dos meus colegas, e dele, os economistas.

Abstraindo já da maldição pública que pesa sobre a classe – tida por acertar pouco e estragar muito –, duas questões são especialmente relevantes em relação ao facto. A primeira tem a ver com o número de personagens eleitos. Sete, mas porquê sete? Porque tinham de caber num só dia organizados de três em três quartos de hora? Porque se trata de um número místico, entre o sagrado, o perfeito e o poderoso como sustentava Pitágoras? Porque sete são as virtudes, os pecados capitais, os sacramentos da Igreja Católica, os Arcanjos ou as obras da Misericórdia? Ou porque sete são as leis universais, as notas musicais, as cores do arco-íris, as pragas do Egito ou as glândulas endócrinas? Ou tão-só porque sete são os dias da semana? Uma dúvida que fica por esclarecer.

Uma segunda questão é a do critério associado às escolhas dos anunciados – há quem aponte o seu estatuto de ex-ministros, mas Bento nunca o foi e Bessa nem a cinco meses chegou em tal função, ao mesmo tempo que não constam da lista os seus próprios ministros Miguel Cadilhe, Miguel Beleza, Braga de Macedo e Catroga; há também quem refira uma preocupação de equilíbrio direita/esquerda, mas na prática ela não passa de formal se tivermos em conta as posições conservadoras concretas que vêm sendo tomadas pelos ditos e parece assim evidenciar quão desatualizado está o Professor Cavaco quanto à real notoriedade atual dos seus colegas de profissão (incluindo alguns que sustentam pontos de vista menos mainstream). Ou será, muito simplesmente, que o homem detesta surpresas e só gosta de ouvir o que consiga processar como ecos seus? Uma outra incógnita, portanto.

De um ou outro modo, e para quem queira ficar de posse de um roteiro para o dia (roteiro não é uma palavra mágica exclusiva do cavaquismo!), dei-me ao trabalho de ir ver o que têm sido os headings das declarações dos sete nestes tempos mais recentes (ver a ilustração que os resume na abertura deste post, reproduzindo-se abaixo o mais extraordinário dos desenvolvimentos adicionais que encontrei vindo de um deles). Munido destes elementos, o leitor poderá ir-se sentindo ao longo do dia relativamente inteirado sobre o que estará a ser dito, e a que horas, por cada um dos convidados do presidente naquela salinha de Belém que fica por trás da desgastada cortina que as televisões tanto nos têm mostrado por estes dias.

Mas a grande e verdadeira questão persistirá sendo, no final do dia, a de se vir a saber se Cavaco já estará afim de tratar de coisas sérias...

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