Se tivesse de escolher o livro de não-ficção que mais me impressionou em 2015, escolheria muito provavelmente “O Fim do Homem Soviético – Um Tempo de Desencanto” da bielorussa Svetlana Alexievich. A autora desenvolveu um extensíssimo trabalho de investigação jornalística e reportagem narrativa, recolhendo centenas de testemunhos relacionados com sofridos episódios de vida ocorridos na antiga União Soviética e nos tempos mais recentes do pós-comunismo, traduzindo-o numa obra que constitui um estudo rigoroso e profundo sobre o chamado “Homo Sovieticus”. O resultado de todo esse trabalho é a tal ponto forte e marcante, seja em termos documentais seja em termos emocionais, que a Academia Sueca secundarizou o facto de Svetlana não ser ficcionista nem poetisa e decidiu atribuir-lhe o Prémio Nobel da Literatura deste ano. Abaixo, um excerto de uma entrevista concedida por Svetlana por ocasião da entrega deste galardão, excerto que ajuda a percecionar o sentido do seu projeto e o modo como ela olha os seus mais prováveis e assustadores desenlaces.
(http://lemonde.fr, caricatura de Fernando Vicente em http://elpais.com)
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