(Alert
Mechanism Report 2016, http://ec.europa.eu)
Segundo os últimos dados divulgados pela Comissão Europeia num relatório que funciona como uma espécie de pontapé de saída ao Semestre Europeu de 2016, a Zona Euro apresenta uma das maiores situações de excedente corrente externo do mundo (estimada em cerca de 390 mil milhões de euros no corrente ano e correspondendo a 3,7% do respetivo PIB). Acresce como igualmente digno de menção positiva o facto de alguns países tradicionalmente deficitários ou mais afetados pela crise (Espanha, Portugal, Itália, Irlanda, Eslovénia) registarem agora situações equilibradas ou mesmo superavitárias. Digamos que essas são, na sua globalidade, as aparentes boas notícias acabadas de chegar de Bruxelas.
Menos boas notícias decorrem, para além de alguns défices observados (em particular em França mas também adicionalmente em países como a Finlândia ou Chipre), das fortes implicações restritivas daquele excedente corrente sobre as perspetivas de crescimento da economia global. Por outro lado, é ainda de assinalar como preocupante que o grosso desse excedente seja formado de modo altamente concentrado em termos nacionais – 2,5% daqueles 3,7% proveem da Alemanha, sendo também distintivos, embora em muito menor medida, os contributos vindos da Holanda (0,7%) e da Itália (0,4%) – e que, como o relatório bem sublinha, a persistência de excedentes em países sem necessidades de desalavancagem (caso alemão na linha da frente) aponte para limitações objetivas no domínio das fontes internas de crescimento e para a manifesta ausência de qualquer tendência corretora desses mesmos e instabilizadores excedentes.
As piores notícias surgem disseminadas ao longo do relatório. No centro delas, os desequilíbrios (imbalances) externos e a sua inusitada escala (ver uma síntese no quadro abaixo) – de facto, e numa avaliação resultante da utilização de dados ciclicamente ajustados (média de três anos), os referidos excedentes mostram-se “bem acima do que os fundamentais económicos implicariam” (6,9% do PIB no caso da Alemanha e 10,9% no da Holanda!). Mas haveria ainda a considerar a grande precariedade da posição de investimento internacional líquida dos países periféricos ou os soluços e incidentes associados aos ritmos de desalavancagem e aos ajustamentos orçamentais de muitos países. Em suma: aqui fica mais uma acha para a fogueira desta união monetária onde os pecados originais continuam a ser empurrados com a barriga ou objeto de assobios disfarçados...
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Mechanism Report 2016, http://ec.europa.eu)
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