domingo, 13 de dezembro de 2015

TRIBUTO A JOSÉ SILVA LOPES




(Uma homenagem justa do Banco de Portugal)

Afazeres profissionais em terras do Alvarinho, Monção e Melgaço, impedir-me-ão amanhã de estar presente em Lisboa na sessão de homenagem que o Banco de Portugal promove ao Dr. José Silva Lopes.

Silva Lopes representa o que o centro-esquerda tem de melhor em matéria de economistas que passaram pela minha vida, sempre desassombrado, rigoroso, socialmente sensível, impiedoso para as diferentes capturas do público pelo privado. Não sendo um economista académico, Silva Lopes despertou junto de economistas prestigiados na cena mundial a mais profunda admiração, simbolicamente representado com que Paul Krugman fala do homenageado. Estou convencido que Richard Eckaus que estará também amanhã em Lisboa para a sessão do Banco de Portugal trará também um testemunho representativo desse respeito.

Paul Krugman dedicou ontem no seu blogue no New York Times um curioso post à sua passagem por Lisboa, focado no tema da combinação entre espirais de dívida e demográficas. O seu gráfico de partida foca-se numa realidade à qual tenho dado neste blogue alguma relevância e que se prende com o comportamento da população em idade ativa (15-64 anos) e o comportamento da curva deve preocupar-nos. A ideia de Krugman é que a descida da população em idade ativa fruto de fenómenos emigratórios provoca efeitos muito perniciosos em economias que herdam um pesado fardo de dívida. Essa saída determina a tendência para um maior ónus fiscal sobre os que permanecem ativos no país. É verdade que Krugman assinala com razão que a curto prazo a emigração não tem qualquer efeito sobre a base de impostos, pois se esses ativos não tivessem emigrado certamente estariam desempregados. Mas a longo prazo a queda da população em idade ativa fruto de emigração dificilmente poderá ser reposta e então o ónus a dívida tende a abater-se sobre uma massa de população bem menor. É da queda futura do produto potencial que falamos e isso implica um efeito dos ajustamentos penalizadores de choques em uniões económicas e monetárias cuja consideração tem vindo a ser negligenciada.

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