terça-feira, 8 de dezembro de 2015

AMADO SOCIALISMO


Luís Amado (LA) é um socialista extravagante ou, pelo menos, assaz peculiar. Um daqueles que, tendo começado por aceder aos corredores do poder pela via partidária pura e dura, lhes tomou tanto o gosto que não mais deixou de por eles circular a todo e qualquer título associável ao bloco central de interesses que há muito nos vem dirigindo. Foi na sombra de Jaime Gama, depois de uma passagem utilérrima pela área da Cooperação, e em nome do(s) atlantismo(s) que LA chegou ao posto máximo do Palácio das Necessidades – onde foi sendo polémico q.b. para terminar em modo escassamente solidário com o coletivo governativo a que pertencia.

Em 2011, LA abandonou o exercício de funções políticas e pouco depois ocupou o lugar de chairman no BANIF, por lá tendo vindo a fazer a sua aprendizagem enquanto banqueiro. Mas LA não quis deixar de prosseguir uma intervenção cívico-político e, com aquele seu ar sério, aquele estilo pausado que construiu e aquela voz de baixo tom que foi fazendo questão de explorar, gerou o pensador e estadista que se foi assumidamente alcandorando ao papel de eminência parda do regime – LA quer, de facto, apresentar-se-nos como um dos raros juízes legitimadores do discurso político oficialmente correto e/ou tolerável na nossa praça pública, digamos que como um verdadeiro “par da República”!

A entrevista de LA, ontem ao “Diário Económico”, ilustra bem o acima referido. LA, do alto da sua férrea vontade de capturar o discurso político conveniente, vem declarar que não subscreve a fórmula do fim da austeridade e avisar que o país não pode embarcar em facilitismos. Costa que se cuide, pois! Mas, tendo dito isso, é o mesmo LA que vem também adiantar sem rebuço que proteger o BANIF, o “seu” banco, é proteger o dinheiro dos contribuintes. Uma afirmação que, contradições à parte e não são elas pequenas, vai bem na linha de um ideário heterodoxo assente na socialização dos prejuízos e que terá certamente muito de bastante concreto que se lhe diga...

Sem comentários:

Enviar um comentário