quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

NÃO, NÃO E NÃO


Não teve grande eco na comunicação social o referendo europeu há dias realizado na Dinamarca. Todavia, e apesar de ser conhecido o facto de o país sempre ter vindo a tomar as suas distâncias em relação à construção europeia – oito referendos desde a adesão em 1972, com especial ênfase para a rejeição do Tratado de Maastricht em 1992 que daria lugar a derrogações em domínios como a moeda única, a defesa e a justiça e assuntos internos – e de se tratar de uma consulta especificamente dirigida a um eventual reforço de cooperação em matérias de polícia e segurança, a resposta foi concludente quanto a constituir-se em mais uma demonstração de clara desconfiança sobre os caminhos do projeto europeu (53,1% de votos “não”).

Deve sublinhar-se ainda que este resultado representa uma pequena machadada na estratégia de luta europeia contra o crime organizado, os tráficos e o terrorismo que, a partir de 2016, deverá passar pela transformação da atual agência intergovernamental num organismo comunitário, logo supranacional. Com efeito, a Dinamarca – largamente impulsionada pela crescente capacidade de mobilização e popularidade dos eurocéticos e populistas do seu DF (Dansk Folkeparti ou “Partido do Povo Dinamarquês”) – “teve medo de perder o controlo” dos seus destinos nacionais (assim disse o primeiro-ministro liberal Lars Lokke Rasmussen) e preferiu pôr-se fundamentalmente de fora do conselho de ministros europeus encarregado dos assuntos de polícia e justiça, e portanto do “Europol”, dificultando acrescidamente a cada vez mais necessária coordenação exigível em função dos perigosos tempos que correm. As ilustrações abaixo são, elas também, evidências claras em relação ao estado maioritário da opinião pública dinamarquesa – uma cidadã hesitante entre várias formulações de um “não” em crescendo e duas referências satíricas sobre os políticos europeístas convencionais, seja quanto ao seu clássico argumento de “não nos devermos isolar” seja quanto à sua permanente preocupação de detetarem o lado para que sopra o vento. E assim vamos...

(Roald Als, http://politiken.dk)

(Roald Als, http://politiken.dk)

(Roald Als, http://politiken.dk)

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