terça-feira, 1 de dezembro de 2015

OS 80 ANOS DE WOODY




(Podem os génios ser inconstantes?)

Não há vantagem em envelhecer: não se fica mais sábio e ainda se sofre com dores nas costas. Recomendo que não o façam.”

Pode questionar-se se Woody Allen não roda permanentemente sobre si próprio e sobre as suas angústias. Podemos troçar do ritmo incessante a que filma, numa espécie de ritual que se impôs a si próprio. Podemos entrar numa deriva sem fim, procurando o filme que mais nos marcou, se a incontornável perspetiva de Nova Iorque no inesquecível Manhattan, se a arte da perceção das relações em Annie Hall ou de Ana e suas irmãs, se os mais recentes com visões de outras cidades, se os filmes mais falhados. Ou então discutindo as mulheres de Woody, Diane, Mia, Scarlet, Cate, Ema, ou outro pormenor qualquer de tão vasta produção em que incluo as crónicas na New Yorker que lia religiosamente com ajuda de dicionário à mão. Mas passo por cima de tudo isso, apenas para festejar a sua capacidade invejável de concretizar mais um filme, mais outro, com ou sem psicanálise, com aspirinas ou sem aspirinas, com Deus ou sem Deus. Um dia destes hei de arranjar tempo para rever o meu favorito ZELIG, em que Woody Allen constrói uma personagem com capacidade camaleónica de se fundir com outras personagens.

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