sábado, 19 de dezembro de 2015

QUEM TRAMOU O NOSSO MOU?


A despedida de José Mourinho fez notícia de capa em numerosíssimos jornais de todo o mundo (acima os principais títulos que foram escolhidos pelos ingleses), evidenciando que se mantém vivo na disputa que há anos trava com Cristiano Ronaldo pelo lugar de português mais famoso do planeta. Uma questão que releva da dimensão circense e mediática das sociedades atuais, mais atreitas às superficialidades e aos epifenómenos do que às abordagens rigorosas das matérias.

(Omar Momani, http://www.goal.com)

Ao invés, o que pessoalmente mais relevo em toda esta história é o que tem a ver com as suas componentes de ascensão e queda. Como chegou Mou ao estatuto que atingiu? Quanto esteve nisso contido em termos de perfil pessoal, de preparação e capacidade de trabalho, de psicologia individual e de grupo, de sorte e acaso? E, depois de tantos e sucessivos sucessos, o que falhou no Mou desta época? Será que há uma dimensão não devidamente tomada em conta de inevitável esgotamento de um modelo (salvaguardas as distâncias devidas, a História ensina-nos que todos os impérios sempre acabaram por ruir)? Ou é simplesmente do foro humano a cedência à tentação de algum relaxamento pessoal e/ou relacional? Ou estava escrito que a arrogância e o mau feitio que lhe são genéticos tinham necessariamente de vir ao de cima com as correspondentes implicações negativas? Ou há interferências perversas de fatores exógenos, dinheiros auferidos e acumulados à cabeça? E, uma vez aqui chegados, há forma de dar a volta e por o contador a zero na perspetiva de um regresso ao topo? Com a mesma receita ou mudando as dosagens respetivas? Só em torno de dúvidas como estas aqui referenciadas de modo light e ao correr da pena, ou de outras equivalentes, pode resultar algo de verdadeiramente útil de um acompanhamento atento deste assunto, seja nos seus múltiplos (e até analiticamente complexos) contornos passados seja no que o futuro dele nos possa vir a reservar...

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