terça-feira, 12 de novembro de 2013

AINDA A DESCIDA DA TAXA DE REFERÊNCIA DO BCE

(Jorg Asmussen)


À medida que vão sendo conhecidos pormenores e bastidores da decisão do BCE de baixar a sua taxa de referência melhor se compreende que as coisas não estão fáceis para Mario Draghi. Embora Wolfgang Mϋnchau se esforce no Financial Times por defender a tese de que a haver surpresa com a decisão do BCE é ter havido tão pouca gente a contar com a mesma, a decisão no Comité Executivo do BCE esteve longe da unanimidade. O Eurointelligence refere que para além dos votos contrários dos dois alemães Jens Weidmann (Bundesbank) e Jӧrg Asmussen (representante do Partido Social Democrata alemão), quatro outros governadores de bancos centrais votaram no mesmo sentido. O mesmo blogue faz eco de que entre os meios financeiros e bancários alemães o sentimento anti-italiano vai florescendo, fazendo constar que o Banco de Itália dirige o BCE. Em alguma impressa alemã corre o rumor de que o nosso bem conhecido Hans Werner Sinn, um dos racionalizadores da visão punitiva sobre as economias do sul, tem feito correr a seguinte afirmação: “Draghi abusou do Euro-sistema oferecendo empréstimos baratos aos países do sul a que não teriam acesso no mercado de capitais”.
Não podemos empolar o significado do pensamento troglodita de Werner Sinn, apesar do eco que alguma imprensa lhe dedica. Mas se a coisa pega lá teremos a confirmação de uma das regras de toda esta crise. Há gente que passa a assumir papéis que a história não lhe reservaria. Preparemo-nos para fazer de Draghi um resistente. Quem diria?

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