O Economist desta semana analisa em particular o paradoxal comportamento dos alemães em
termos de comportamentos de poupança e investimento. O comportamento aforrador
permanece elevado, embora a partir de 2008 evidencie sinais de afrouxamento com
queda ligeira da taxa de poupança. Porém, em matéria de investimento, uma baixa
percentagem de alemães investe em ações nacionais (15%, valor anomalamente
baixo sobretudo quando comparado com o valor de 50% apontado aos americanos),
preferindo padrões de poupança de baixo risco.
Este comportamento massivo de aforro, que garante
às famílias alemãs um rendimento apreciável, entra nas contas para a explicação
de um dos mistérios da economia alemã, pelo menos do ponto de vista da sua
compreensão seja pelo cidadão comum, seja por um indivíduo com literacia económica
média.
O gráfico que abre este post dá conta de um desses mistérios. Na perspetiva do rendimento
que auferem anualmente, os alemães evidenciam compreensivelmente rendimentos
elevados, medidos no gráfico pela mediana desse rendimento. Porém, quando se
mede a riqueza mediana da população alemã, ela apresenta uma aparentemente
estranha baixa riqueza. Não há informação que mostre se esta evidência é ou não
responsável por alguma incompreensão, atiçada por alguns economistas e meios de
informação alemães, relativamente aos países do sul, que aparecem no gráfico
com riquezas medianas mais altas. Vários fatores podem explicar esta estranha
disparidade, sendo frequente apontar-se o facto dos alemães apresentarem uma
baixa taxa de habitação própria. O Economist
acrescenta a esse facto a magnitude do rendimento que os alemães extraem da sua
vigorosa capacidade de poupança, que faz balancear a sua situação relativa face
às economias do sul a favor do rendimento e não da riqueza.
Este fator estrutural, que faz pensar que os alemães
sejam o Japão da Europa em termos de hábitos e massa de poupança, pesa muito na
fraca concretização da vontade assumida por muitos europeus (sobretudo os do
sul) de que os alemães poderiam consumir mais. Mas se para as famílias este
facto é relevante, nada justifica que o governo alemão se assuma ele próprio no
momento atual como um apreciável aforrador líquido.
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