(Marian Avramescu, http://it.toonpool.com)
Apercebi-me hoje de que o vice-presidente da Comissão Europeia, Olli Rehn, além das inúmeras qualidades que já se lhe iam reconhecendo, também possui uma outra: a de investir algum do seu tempo a escrever num blogue sobre temas relativos à economia europeia e à Europa em geral.
Hoje veio dar a conhecer o teor de um artigo que publicou no “Frankfurter Allgemeine Zeitung” e no qual se sentiu na obrigação de vir a terreiro pronunciar-se sobre a polémica suscitada pelo Gabinete de Assuntos Internacionais do Departamento do Tesouro dos EUA a propósito do enorme excedente registado pela balança de transações correntes alemã (ver meu post de 3 de novembro).
Com a sua proverbial capacidade de assumir posições frontais e claras, começa logo por empatar o jogo afirmando que “os dois extremos [os que criticaram a política económica alemã e os que a tal reagiram falando de ‘ataques invejosos’] híper-simplificaram uma realidade complexa de modo a matar qualquer debate político sério”. Não obstante, e embora declarando não concordar com a análise dos americanos, sempre acaba por defender um entendimento no sentido de que os alemães deveriam atuar para contrariar tais excedentes.
Quem se recordar de tanto (e tão desencontradamente) ter ouvido Rehn a perorar nestes anos sobre a crise na Europa do Sul ou sobre a sua falta de paciência para com os excessos destes povos periféricos não deixará de abrir a boca de espanto perante esta nova prestação deste notável nórdico. Mas o que poderá justificá-la? Um testamento antecipado do próprio e do seu chefe Barroso? Um piscar de olhos às mudanças que serão trazidas pela “grande coligação”? Um acatar disciplinado dos novos procedimentos bruxelenses quanto ao tratamento dos desequilíbrios macroeconómicos no seio da União Europeia? Ou, tão só, que o homem não passa afinal de um molusco?
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