quinta-feira, 7 de novembro de 2013

OS NÚMEROS DO DESEMPREGO

(Taxa de NEEF = relação entre
a população de jovens de um determinado grupo etário
não empregados que não estão em educação ou
formação e a população total de jovens do mesmo grupo
etário)


As estatísticas do emprego respeitantes ao terceiro trimestre de 2013 publicadas pelo INE suscitaram o habitual “ping-pong” de interpretações contrastadas entre o governo e a oposição, com alguns matizes nesta última.
Há que reconhecer que, apesar da polarização das interpretações, o facto da taxa de desemprego trimestral continuar a descer em relação a trimestres anteriores e, simultaneamente, apresentar pela primeira vez nos tempos mais recentes uma descida face ao trimestre homólogo de 2012, pode ser associada aos sinais promissores do comportamento do PIB e indicadores associados. Já no que respeita à criação de emprego, se é verdade que, ao nível da variação trimestral, o 3º trimestre de 2013 representa uma criação líquida de emprego face ao 2º trimestre, já entre trimestres homólogos a economia destruiu cerca de 102.000 postos de trabalho. A taxa de emprego continua em termos homólogos a diminuir.
O argumento da emigração e a sua influência na descida da taxa de desemprego parece-me ter sido mal invocado por alguns deputados da oposição e sindicalistas. Não está em causa a denúncia dessa nova diáspora. Mas invocá-la para desvalorizar o comportamento da taxa de desemprego gera confusão. Em termos homólogos, a descida da taxa de desemprego entre os terceiros trimestres de 2012 e 2013 é produto de dois movimentos: a descida da população desempregada de 3,7% e a diminuição da população ativa de 2,44%. Claro está que para se manter a mesma massa de ativos, a população desempregada teria que ter diminuído muito mais substancialmente. De qualquer modo não é apenas a diminuição da população ativa a justificar a descida da taxa de desemprego.
Um outro dado positivo é o facto de entre o segundo e o terceiro trimestres de 2013, a população desempregada que obteve emprego foi superior à que optou pela inatividade. E do mesmo modo os inativos que obtiveram emprego foi superior aos que transitaram para a situação de desemprego.
Mas em meu entender o dado mais valioso da publicação do INE diz respeito ao aprofundamento de análise da situação dos jovens no mercado de trabalho. Portugal, apresentava em 2012 159.500 jovens entre os 15 e os 24 anos que nem estudavam ou frequentavam ações de formação nem estavam empregados. O mesmo número para os jovens adultos (entre os 25 e os 34 anos) era de 275.400 indivíduos. A monitorização deste fenómeno é crucial.

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