Enquanto uma garotada sem nome embandeira em arco e deita foguetes com o fim da recessão técnica – ao mesmo tempo que jura o seu comprometimento em livrar o País de uma Troika que tanto quis por cá e a quem cantou as maiores loas e prestou toda a vassalagem que pôde, por um lado, e que irresponsavelmente se desresponsabiliza responsabilizando o Tribunal Constitucional (28 vezes referido como fator de incerteza e risco no relatório do FMI desta semana!), por outro – e enquanto o Presidente da República passeia o seu preocupante “apatetamento” em ridículos roteiros pelo Portugal profundo onde sempre se ouve o hino e quase sempre há crianças e se tocam umas musiquinhas para a Dra. Maria fazer o gosto ao pé (desta vez o chefe de Estado confessou que já há muito que não via tantos cavaquinhos juntos!) – ao mesmo tempo que cinicamente vai lembrando os que sofrem com a austeridade e chamando a atenção para os mais desfavorecidos, por um lado, e desafiando os políticos a fazerem as contas de um eventual segundo resgate, por outro –, o que se vai observando são os efeitos trágicos de um assalto associativo ao poder feito sem rei nem roque por alguns dos mais traquinas (Passos, Relvas, Marco, Leal Coelho, Moreira da Silva e umas poucas inexistências mais coadjuvadas por interesseiros serviçais de turno como Montenegro, Frasquilho, Magalhães, Almeida, Albuquerque e Guedes, p.e.) e a que uma dupla de “políticões” (o irrevogável Portas e o seu amigo Pires, que saiu bem melhor do que a encomenda) vem agora ajudando a construir um discurso apresentável (onde, aliás, a falta de jeito substantivo dá lugar a um exagero de preceito na forma).
O que resta de pensante no País – que é cada vez mais um povo aturdido em busca de escapadelas – desdobra-se numa quase “união nacional” de denúncias governamentais e de apelos ao bom senso ou à resistência mais ou menos ativa. Onde, em cada dia ou semana, cada um traz um elemento novo ou acrescenta um argumento lógico. De tantos à direita do PS com que podia exemplificar (Peneda, Pacheco, Rio, Capucho, Adriano, Freitas, Bagão...), escolho a preciosidade – circunstancial, mas preciosidade – de Manuela Ferreira Leite desta semana: “São com certeza dados positivos. De resto, eu se estiver com 40 de febre e se passar para 39,8 é bom, é melhor do que passar para 40,2. Portanto. Tudo o que seja melhorar esses indicadores evidentemente que é bom, está fora de causa – são ténues, mas são num sentido bom. Tenho muitas dúvidas é se o orçamento para 2014 é se um orçamento para me baixar a febre ou se é para a tornar a aumentar; e eu acho que, evidentemente, é um orçamento de tal forma recessivo que só pode ter efeitos negativos naquilo que é um bom sintoma.”
Isto não vai acabar bem...
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