Ontem, foi o achado de um novo e promissor modelo de negocio: as low costs. De que o meu Porto é, aliás, tão virtuosamente tributário nos anos mais recentes, muito em linha com a crescente democratização do acesso às viagens por via aérea. Os resultados de exploração comprovam o sucesso de tal “ovo de Colombo”, como bem ilustram os lucros de 570 milhões de euros recém-reportados pela “EasyJet” (e o consequente saco cheio de dividendos distribuídos ao acionista do primeiro cartune).
Mas, hoje por hoje, o modelo em causa não deixa de apresentar também as suas fragilidades na ótica do utilizador. A esposa do dito acionista refere explicitamente uma delas – as terríveis limitações de bagagem impostas – e a segunda ilustração exibe com grande realismo uma outra – o minguante espaço deixado aos passageiros dentro da aeronave. Acrescentem-se as refeições inexistentes ou pagas, os acessos a butes ou em autocarros que envergonhariam o STCP dos tempos mais difíceis, a incessante mercantilização, a falta de leitura a bordo ou as hospedeiras em vias extinção e ter-se-á uma medida apenas aproximada dos “custos de contexto” em contrapartida surgidos.
Amanhã, teremos a possibilidade já à vista de serem utilizados quaisquer aparelhos electrónicos durante a totalidade dos tempos de voo. Só que, e mais uma vez, aquilo que se adivinha como um bem poderá redundar num mal, desesperando alguns viajantes mais sensíveis (pensem só no que já ocorre nas vossas carruagens de comboio a caminho para Lisboa, onde executivos executam ao vivo e ao desafio). Mas alguém há de pensar em antídotos (o paraquedas não será certamente o mais ajustado!) e novos negócios florescerão.
E assim comecei a falar de aviões e cheguei às maravilhas do capitalismo e dos seus inesgotáveis ciclos de ganhos e perdas, de satisfação e descontentamento, de crescimento e crise...
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