(Hans-Werner Sinn, Ifo Munique)
Hans-Werner SINN,
economista alemão e Presidente do Ifo
– Institute for Economic Research, tem
conduzido uma persistente e tenaz campanha crítica da chamada política monetária
não convencional do BCE, zurzindo sobretudo no seu Presidente Mario Draghi. À
sua maneira, SINN tem incendiado a
opinião pública alemã sobre os desmandos das economias do sul e sobre a pretensa
punção das poupanças alemãs para resolver os “excessos” de outros.
A sua cruzada é persistente e tem-se manifestado em
diferentes momentos. Primeiro, foi quando os mecanismos de compensação de créditos
e débitos entre bancos pertencentes ao sistema de bancos centrais começaram a
acusar largas posições credoras dos bancos alemães face ao BCE. Agora volta à
carga a propósito do corte da taxa de referência do BCE num artigo ontem publicado no Financial Times.
Um pouco cinicamente, SINN começa o artigo compreendendo que o BCE esteja preocupado com
os riscos de uma deflação à japonesa na Europa. Mas rapidamente volta ao seu
registo normal, zurzindo no BCE pelo seu pretenso contributo com a sua política
monetária não convencional de ajuda aos bancos das economias do sul de
interromper ou comprometer a por si desejada desvalorização interna dessas
economias face à média da zona euro. A fixação de SINN na desvalorização real das economias do sul para recuperar
competitividade é insistente. O problema é que recomendando SINN que o BCE mantenha a inflação em
todos os países abaixo de 2% a tal desvalorização real das economias do sul
conduzirá inevitavelmente a uma deflação na zona euro. Antonio Fatas tem uma
boa perceção desta contradição, quando refere que tal reajustamento será bem mais
fácil de concretizar com inflação positiva, naturalmente mais elevada na
Alemanha.
A confiança do alemão nos mecanismos de
estabilização automática é também uma fixação, mas sem grande evidência empírica
para a sustentar. Refere SINN que o excedente estrutural alemão está a traduzir-se
em pressão sobre o setor da construção interno, gerando escassez de trabalho e pressão
sobre os salários que tenderá a gerar pressão inflacionária e assim reduzir
naturalmente o referido excedente estrutural. Segundo SINN, o BCE estaria a atuar contra essa correção natural
alimentando os bancos centrais da Europa do Sul, permitindo-lhes a colocação de
dívida pública. Para além disso, a desvalorização do Euro (qual desvalorização?)
tenderia a aumentar o excedente estrutural alemão apesar da descida dos défices
externos dos países do Sul.
SINN continua a não querer
entender que a Alemanha integra uma união económica e monetária e que tal integração
não pode deixar de ter implicações que vão para além do querer ou não querer
prosseguir uma dada orientação.
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