quinta-feira, 14 de novembro de 2013

MAS QUE SINA!

(Hans-Werner Sinn, Ifo Munique)


Hans-Werner SINN, economista alemão e Presidente do IfoInstitute for Economic Research, tem conduzido uma persistente e tenaz campanha crítica da chamada política monetária não convencional do BCE, zurzindo sobretudo no seu Presidente Mario Draghi. À sua maneira, SINN tem incendiado a opinião pública alemã sobre os desmandos das economias do sul e sobre a pretensa punção das poupanças alemãs para resolver os “excessos” de outros.
A sua cruzada é persistente e tem-se manifestado em diferentes momentos. Primeiro, foi quando os mecanismos de compensação de créditos e débitos entre bancos pertencentes ao sistema de bancos centrais começaram a acusar largas posições credoras dos bancos alemães face ao BCE. Agora volta à carga a propósito do corte da taxa de referência do BCE num artigo ontem publicado no Financial Times.
Um pouco cinicamente, SINN começa o artigo compreendendo que o BCE esteja preocupado com os riscos de uma deflação à japonesa na Europa. Mas rapidamente volta ao seu registo normal, zurzindo no BCE pelo seu pretenso contributo com a sua política monetária não convencional de ajuda aos bancos das economias do sul de interromper ou comprometer a por si desejada desvalorização interna dessas economias face à média da zona euro. A fixação de SINN na desvalorização real das economias do sul para recuperar competitividade é insistente. O problema é que recomendando SINN que o BCE mantenha a inflação em todos os países abaixo de 2% a tal desvalorização real das economias do sul conduzirá inevitavelmente a uma deflação na zona euro. Antonio Fatas tem uma boa perceção desta contradição, quando refere que tal reajustamento será bem mais fácil de concretizar com inflação positiva, naturalmente mais elevada na Alemanha.
A confiança do alemão nos mecanismos de estabilização automática é também uma fixação, mas sem grande evidência empírica para a sustentar. Refere SINN que o excedente estrutural alemão está a traduzir-se em pressão sobre o setor da construção interno, gerando escassez de trabalho e pressão sobre os salários que tenderá a gerar pressão inflacionária e assim reduzir naturalmente o referido excedente estrutural. Segundo SINN, o BCE estaria a atuar contra essa correção natural alimentando os bancos centrais da Europa do Sul, permitindo-lhes a colocação de dívida pública. Para além disso, a desvalorização do Euro (qual desvalorização?) tenderia a aumentar o excedente estrutural alemão apesar da descida dos défices externos dos países do Sul.
SINN continua a não querer entender que a Alemanha integra uma união económica e monetária e que tal integração não pode deixar de ter implicações que vão para além do querer ou não querer prosseguir uma dada orientação.

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