segunda-feira, 4 de novembro de 2013

EMPRESAS E BANCOS


O último “Global Financial Stability Report” do Fundo Monetário Internacional (datado de outubro de 2013) constitui, como sempre acontece aliás, uma peça de enorme relevância para a compreensão do estado da economia mundial e dos seus comportamentos evolutivos.

Um dos seus subcapítulos mais interessantes é o que aborda, com enfoque na Zona Euro, aquilo que designa por nexo entre a banca, as empresas e os Estados (esquema acima). Vejamos alguns dos seus principais apontamentos, limitando-nos por ora a selecionar a relação entre os bancos e as empresas e a privilegiar alguns gráficos em que o caso português surge explicitamente referenciado.

Primeira proposição: “Bancos débeis têm exacerbado os problemas de empresas frágeis, porque instituições com buffers estreitos têm vindo a apertar as condições de crédito às empresas através do racionamento do crédito e do aumento das taxas de juro para empréstimos novos.”


Segunda proposição: “A alavancagem das empresas aumentou nas economias sob stress durante os anos de boom, especialmente em Portugal e Espanha, em contraste com o centro da Zona Euro. Este é particularmente o caso nas PMEs, que tendem a ter uma alavancagem maior do que as grandes. Globalmente, mais de três quartos da dívida das empresas em Portugal e Espanha e cerca de metade da dívida das empresas em Itália cabem a empresas com rácios de dívida por ativos em torno ou acima de 40%.”


Terceira proposição: “Estas pressões do serviço da dívida – juntamente com um ambiente económico débil – conduziram a um aumento dos empréstimos de cobrança duvidosa, degradando a qualidade dos ativos nos balanços dos bancos. Os bancos subiram as taxas de juro em resposta ao acréscimo de risco dos empréstimos às empresas, iniciando novamente o ciclo. O gráfico mostra que as taxas de juro bancárias tendem a ser mais altas nas economias em que os riscos empresariais são maiores.


Quarta proposição: “A natureza sistémica da dívida excedentária em Itália, Portugal e Espanha é ainda enfatizada pelo facto de que as tensões do sector empresarial não se limitam apenas aos sectores que experimentaram booms de crédito (construção e imobiliário em Espanha e Portugal). As estimadas probabilidades de falência sugerem que os stresses também são altos nos sectores ‘cíclicos’ e da indústria transformadora das economias sob stress. Adicionalmente, as tensões são maiores nas PMEs relativamente às das empresas grandes em Itália, Portugal, Espanha, e também em França, porque as empresas grandes beneficiam de melhores fundamentais e condições de financiamento.”

Até dói de tão estrutural que é este nosso luso-problemão...

 
(JAS, James Sillavan, http://www.economist.com)

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