Apesar da cacofonia do ribombar dos tambores que a todo o momento vai celebrando o fim da crise europeia, em geral, e a próxima libertação portuguesa, em particular – esta com o surpreendentemente anedótico ministro da Economia a vir sublinhar que “passámos da condição de patinhos feios para cisnes elegantes aos olhos dos investidores”! – , algum problema sempre parece existir, afinal.
E já que “santos da casa não fazem milagres”, apelo demonstrativamente à primeira página do “Financial Times” de hoje. Onde se diz que eles próprios fizeram as contas, com base nos mais recentes dados do FMI, e delas retiraram as seguintes cinco evidências malditas ("cicatrizes") que nenhum estado de negação pode simplesmente escamotear só porque sim:
· os países da periferia europeia (Espanha, Grécia, Irlanda, Itália e Portugal) irão pagar este ano mais de 130 mil milhões de euros (i.e., o triplo de todos os restantes da Zona Euro) em juros associados ao serviço da sua dívida crescentemente acumulada;
· o peso do serviço da dívida nesses países da periferia da Zona Euro representa quase 10% das respetivas receitas governamentais contra uma média de 3,5% nos restantes 13 membros, um diferencial que é estimado aumentar nos próximos cinco anos;
· a grande procura por dívida periférica europeia registada nos últimos meses, em paralelo com a forte queda dos yields das respetivas obrigações nos últimos dois anos, não impedem a fatura em juros de continuar a registar uma tendência ascensional;
· mesmo na hipótese otimista de uma estabilização ou redução dos rácios da dívida dos referidos países, perdurarão por longo tempo os elevados níveis daqueles e, consequentemente, a sua vulnerabilidade económico-social – é até dado o exemplo de Portugal, cuja fatura de 7,3 mil milhões em juros ultrapassa o total das despesas de educação e quase corresponde ao orçamento da saúde – e/ou a quaisquer possíveis choques suscetíveis de ocorrer;
· a não ser que se admitam soluções de outra ordem (“radicais”) – verdadeiras reformas em favor do crescimento ou, abrenúncio!, reestruturação da dívida –, a dívida continuará a constituir uma importante restrição ao relançamento económico e à intervenção estatal, assim determinando que a situação nesses países vai permanecer dura por muitos e longos anos.
Aqui fica mais um modestíssimo contributo para alimentar as acusações pró-governamentais contra os preguiçosos agitadores de espantalhos antipatrióticos...
E já que “santos da casa não fazem milagres”, apelo demonstrativamente à primeira página do “Financial Times” de hoje. Onde se diz que eles próprios fizeram as contas, com base nos mais recentes dados do FMI, e delas retiraram as seguintes cinco evidências malditas ("cicatrizes") que nenhum estado de negação pode simplesmente escamotear só porque sim:
· os países da periferia europeia (Espanha, Grécia, Irlanda, Itália e Portugal) irão pagar este ano mais de 130 mil milhões de euros (i.e., o triplo de todos os restantes da Zona Euro) em juros associados ao serviço da sua dívida crescentemente acumulada;
· o peso do serviço da dívida nesses países da periferia da Zona Euro representa quase 10% das respetivas receitas governamentais contra uma média de 3,5% nos restantes 13 membros, um diferencial que é estimado aumentar nos próximos cinco anos;
· a grande procura por dívida periférica europeia registada nos últimos meses, em paralelo com a forte queda dos yields das respetivas obrigações nos últimos dois anos, não impedem a fatura em juros de continuar a registar uma tendência ascensional;
· mesmo na hipótese otimista de uma estabilização ou redução dos rácios da dívida dos referidos países, perdurarão por longo tempo os elevados níveis daqueles e, consequentemente, a sua vulnerabilidade económico-social – é até dado o exemplo de Portugal, cuja fatura de 7,3 mil milhões em juros ultrapassa o total das despesas de educação e quase corresponde ao orçamento da saúde – e/ou a quaisquer possíveis choques suscetíveis de ocorrer;
· a não ser que se admitam soluções de outra ordem (“radicais”) – verdadeiras reformas em favor do crescimento ou, abrenúncio!, reestruturação da dívida –, a dívida continuará a constituir uma importante restrição ao relançamento económico e à intervenção estatal, assim determinando que a situação nesses países vai permanecer dura por muitos e longos anos.
Aqui fica mais um modestíssimo contributo para alimentar as acusações pró-governamentais contra os preguiçosos agitadores de espantalhos antipatrióticos...
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