Uma virose das antigas, daquelas
que arrasa com todas as pretensões de fazer qualquer coisa, porque o corpo pede
repouso e a cabeça pesa que se farta, afastou-me alguns dias das lides,
paradoxalmente num fim-de-semana que pedia sol e a possibilidade não
concretizada de rever as aleluias em Seixas.
E no meio deste paradoxo que
consistiu na privação do sol sem alternativa condigna de secretária, emergiu
esta imagem no meio de leituras interrompidas, jornais mal lidos, blogues não
revistos, livros interrompidos.
Uma imagem de cumplicidade,
depois do frete (boa expressão do meu colega de blogue) que constituiu o
passeio-conferência que Barroso e alguns comissários europeus vieram realizar
com o alto patrocínio bafiento de Cavaco (quanto tempo falta para arejar esta
imagem bafienta?). O branqueamento estará em curso até às europeias, pois
Barroso e as forças políticas que o sustentaram pretendem a todo o custo salvar
a pele pelos danos que a abordagem à crise das dívidas soberanas provocou. E
depois a inevitabilidade do ciclo económico, há sempre uma recuperação por mais
tardia que se apresente depois de uma recessão, mesmo que de grandes dimensões,
dá jeito para pseudodemonstrar que afinal a austeridade produziu efeitos. Jogar
com a recuperação económica, tardia, não fazendo recuperar a criação de emprego
e a taxa de emprego, equivale a uma das mais descaradas desonestidades
intelectuais de que há memória nos anais da política económica. Pois o que está
em causa é a interrogação se os custos da abordagem assumida a partir de
Bruxelas são hoje compensados pela tímida recuperação em curso. E claramente
que não são compensados, antes produziram um país cuja recuperação global e anímica
será bem mais difícil e lenta do que a reanimação do PIB.
A imagem em si é
esclarecedora. O olhar de Barroso é de experiência feito, um sorrisinho algo cínico,
como que a dizer, Pedro o mais difícil já passou e até pode ser que te
aguentes. Já a expressão de Passos Coelho é bem mais enigmática, obediente não
há dúvida, mas não muito convencido da lição de circunstância. Por isso, por
agora, resta-nos não ignorar a recuperação, mas não abrandar na denúncia do
branqueamento e dos danos colaterais que foram bem superiores à margem de risco
inicialmente calculada.
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