quarta-feira, 30 de abril de 2014

TURMA À SOLTA


Já tinham sido por demais insólitos os anteriores episódios da ridícula novela governamental “Sem Sal Nem Açúcar”, que estiveram em exibição em vários teatros lisboetas (S. Bento, Gomes Teixeira, Terreiro do Paço, João Crisóstomo e Horta Seca, nomeadamente) – cartaz acima.

Mas vir agora um secretário de Estado, no caso o adjunto da Saúde Fernando Leal da Costa, responder em artigo na comunicação social (“O saber não ocupa espaço”, ontem no “Público”) aos seus colegas de Governo é do foro do nunca visto. “Sem boa saúde não há boa economia e as desigualdades acentuam-se” e “o Governo, no seu todo, é responsável pela saúde da população, independentemente da esfera aparentemente limitada a cada ministro”, escreveu muito justamente. E, colocando o dedo na ferida ao acusar uma parte dos decisores políticos de “ainda não ter incorporado a importância da diminuição da carga da doença na população, como factor gerador de uma sociedade saudável, condição também decisiva para a economia de Portugal”, criticou ainda as determinantes eleitoralistas de alguns setores (“estas medidas têm custos políticos que necessitam de vontade política para serem ultrapassados”) e visou diretamente dois ministros do CDS: Cristas, essa senhora que foi encarregada por Portas da função de defender a lavoura (“a indústria agroalimentar é sempre beneficiada quando se defende o maior consumo de fruta, de sumos naturais ou de saladas temperadas com azeite e limão”), e Pires, esse amigo que foi encarregado por Portas da função de sindicalista das empresas e se desdobra em “banha da cobra”, entre descobertas de milagres e prenúncios de esperança (“é errado invocar a economia para justificar a persistência de políticas que perpetuam agressões ao bem-estar das pessoas”).

Paulo Macedo lá veio ontem pôr alguma ordem na polémica, sobretudo acalmando Pires (“nenhuma taxa será introduzida sem haver acordo em Conselho de Ministros” e “não está em cima da mesa”), mas apesar de já irem longe os tempos em que Cavaco impunha a continência aos adjuntos esta gente sempre podia evitar que a governação parecesse um recreio de catraios sem tutor, conversando em casa antes de vir incomodar os outros com querelas de lana-caprina! Ou será que o problema também está na cerveja?


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