domingo, 27 de abril de 2014

O MELHOR DO FIM-DE-SEMANA



Inequivocamente, a crónica de Teresa de Sousa, domingo, no Público, “Um dia 25 de Abril quase normal.
O último parágrafo:
“ (…) Hoje, a Europa que nos levaria (e, em grande medida, levou) à modernidade e ao desenvolvimento parece-nos hostil. Está a viver uma crise existencial que ainda não encontrou uma razão de ser para o futuro. Mas é a pertença a essa Europa e a partilha do euro que nos garantem que o nosso futuro será aquilo que, maioritariamente, quisemos ser no 25 de Abril: um país democrático e desenvolvido. A tentação do Atlântico ditar-nos ia inexoravelmente um futuro muito mais triste. A nós e às gerações futuras, para as quais a Europa e a democracia são como o ar que respiram. Precisamos, em suma, de um poder político que respeite a dignidade humana e que saiba tirar partido das enormes vantagens acumuladas nestes 40 anos: na educação, na ciência, na civilidade, na inclusão. Compreende-se que alguns capitães de Abril queiram acertar as suas contas com um país que acham que não os valorizou o suficiente. Tiveram o direito à palavra, mesmo que as suas palavras tenham por vexes tocado a fronteira da democracia.”
De quando em vez é necessário que gente lúcida como Teresa de Sousa ponha os pontos nos iii, com autoridade suficiente para não ser despachada para o caixote do lixo jornalístico. Ainda há muita gente que não compreendeu que se a descrença, raiva ou simples descontentamento que tornaram possível a comemoração alternativa é real e tem dimensão suficiente então que se transforme numa alternativa eleitoral de peso, capaz de não se esgotar na fixação estéril do passado. Daí que Vasco Lourenço esteja no seu direito de se insurgir contra a situação hoje existente na sociedade portuguesa. Mas se não ajudar a construir uma fórmula política democrática para materializar esse descontentamento então começará a colocar em perigo aquilo que ajudou a construir. Também partilho a ideia de Teresa de Sousa de não vislumbrar saída para Portugal fora do quadro europeu e por isso é necessário um governo que participe ativamente na continuada discussão desse projeto, que o devolva à sua natureza democrática e encontre uma saída airosa para a aberração que o Pacto Orçamental. Se a evolução das fragilidades do euro determinar o seu desaparecimento, será sempre mais fácil encontrar uma saída de compromisso no conjunto do espaço europeu do que numa saída isolada. Estamos em tempo de falar claro e para isso não é em torno de temáticas muito sofisticadas que o devemos fazer, mas antes de ideias simples e muito pragmáticas. A crónica de Teresa de Sousa alinha por esse modelo.

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