Sábado, Rafael Argullol, “La cultura enclaustrada”, El País, La
Cuarta Página: http://elpais.com/elpais/2014/03/25/opinion/1395742979_031566.html
“ (…) O anti-intelectualismo é uma das
formas mais toscas de populismo, mas parece proporcionar resultados fáceis a
uma população ávida de consumo imediato das coisas que a complexidade
intelectual quase nunca proporciona.
O problema é que a universidade atual se
converteu, por insegurança, cobardia ou oportunismo, em cúmplice passivo da
atitude intelectual que deveria combater. Em vez de responder ao desafio
arrogante da ignorância oferecendo à esfera pública propostas criativas, a
universidade do presente tendeu a fechar-se entre os seus muros. É ilustrativo,
a este respeito, o escasso contributo universitário para os conflitos cívicos
atuais, crises sociais ou guerras incluídas. Em direção contrária, o
universitário assumiu obedientemente que pertencia a um microcosmos que deve
ser preservado, embora à custa de virar costas à criação cultural.
(…) Atualmente, uma grande maioria de
professores descartou a elaboração de obras como tarefa principal para
concentrar-se na produção de papers. Em muitos casos essa renúncia é dolorosa
porque frustra uma determinada vocação criativa, a par da investigadora, mas
isso é consequência da própria pressão institucional, posto que o professor
deve ser avaliado, quase exclusivamente, pelos seus artigos supostamente especializados.
De qualquer modo, o novo microcosmos em que a universidade está encerrada
desenha uma rede kafkiana de relações e hegemonias notavelmente opaca para uma
visão externa da instituição. (…) “
Uma visão lúcida e corajosa do “rei vai nu” na vida
universitária e no seu contributo para o desenvolvimento da sociedade. E assim
se consolida um “servilmente correto”, erradicando a criatividade e a
capacidade de assumir riscos.
Sábado, José Pacheco Pereira, jornal Público, “Os
piu-piu de Maçães”
“ (…) Por isso, eles têm de rasoirar a história e as suas múltiplas
possibilidades virtuais, a luta pela democracia e liberdade de 1975, a lenta
construção de um Estado democrático com o afastamento do MFA do poder, o
combate por uma economia de mercado, desde os governos PS-CDS até à revisão
constitucional que permitiu as privatizações, a melhoria da qualidade de vida
dos portugueses, as revoluções na mortalidade infantil, na saúde pública, na
democratização do ensino, a conquista difícil de direitos sociais e políticos,
ou seja, tudo equívocos, tudo assente no despesismo, tudo socialismo. Não houve
história, houve puro determinismo que culminou na actual revelação que o tweet
de Maçães denuncia em tom bíblico, “esses dias acabaram”. Chegou o Salvador.
Aleluia!
A intervenção de José Pacheco Pereira nas Conferências
de Aljustrel anunciava esta crónica, aliás o zurzir no inenarrável Maçães foi
um dos momentos mais altos da sessão inaugural. Neste caso, a citação representa
uma autêntica castração de toda a crónica, cuja leitura é crucial. O ataque aos
extremistas sociais que Maçães representa constitui seguramente um dos mais lúcidos
contributos de JPP para a denúncia dos tempos que passam.
Sábado, RTP 2, rever “Um Elétrico Chamado Desejo” (Street
Car Named Desire)
Foi por mero acaso de zapping quase inconsciente que dei comigo a rever a
atmosfera angustiante de Blanche (Vivien Leigh), o despontar de Brando e
sobretudo um enorme Karl Malden na ambiência única de Elia Kazan e de Tennessee
Williams.
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