Miguel Frasquilho (MF) é um personagem da nossa política que se especializou – divisão do trabalho, pois claro – em fingir uma menor ortodoxia e algum pensamento próprio para melhor fazer passar o essencial do discurso oficial junto dos cidadãos menos sensíveis à politiquice barata. Tem por isso a enorme capacidade de adaptar o discurso ao ambiente em que fala e aos parceiros que o rodeiam, sempre com a maior simpatia por definição. O que genericamente lhe tem permitido uma vida fácil mas também já o levou a ter de engolir vários sapos, como foi recentemente o caso daquela vez que foi falar com a Troika em nome do PSD e fez declarações à saída que não batiam certo com o que convinha ao chefe – nada mais fácil, mandou um recado aos jornalistas a fazer reset e voltou ao princípio quase com a mesma cara que da primeira vez.
Com a nomeação de MF para presidente da AICEP chegou finalmente o dia de se lhe efetuar o pagamento pelos patrióticos serviços partidários prestados, uma espécie de ajustamento que desesperantemente aguardava e já tanto se fazia tardar. Quanto ao inefável presidente cessante – que prémio lhe irá agora tocar pelos seus gordurosos serviços ao chefe e ao subchefe? –, tinha ele vindo dizer-nos que o seu sucessor deveria “conhecer profundamente o mundo empresarial e estar próximo dele”. Agora, conhecido o seu nome e curriculum, tal já não releva e até se corrige com a maior das boas vontades: MF “tem todas as condições”, designadamente aquela caraterística crucial de ter experiência política. E da boa, acrescento eu, não sendo provavelmente menos irrelevante que o dito seja fã de “O Senhor dos Anéis”, como acrescenta muito a propósito o “Diário Económico” de hoje...
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