quarta-feira, 30 de abril de 2014

PRECEDÊNCIAS


É conhecida, até porque disponível no histórico deste blogue, a minha leitura sobre o que ocorreu em Portugal e na União Europeia nos fatídicos anos que se seguiram à falência da Lehman Brothers, culminando por cá com a chegada da Troika e da dupla Passos-Portas em 2011 e dos respetivos e terríficos consulados que duram até aos dias de hoje.

Se quisesse resumir a essência pela negativa, diria em modo curto e grosso que a grande diferença entre o governo de Sócrates e o de Passos poderá ser associada à distância jurídica que separa algumas manifestações de negligência, no primeiro caso, e muitas evidências de dolo, no segundo. Ou, numa perspetiva mais empresarial, referindo que aos erros de gestão corrente de um se sucederam os fraudulentos atos estratégicos do outro. Ou ainda, numa outra imagem, que certas ausências de rumo e/ou cedências a interesses deram lugar a um primado da inflexibilidade ideológica ao serviço de interesses maiores. Ou finalmente, em linguagem política típica de outras épocas, que se passou de um patriotismo colaboracionista à traição mais criminosa.

Dito isto ao jeito de enquadramento, venho hoje acrescentar ao nosso já vasto espólio informativo dois gráficos recentemente produzidos pelo “Financial Times” e que apenas dão conta ilustrativa da primeira das dimensões acima. Assim, e focando um plano que tenderia a designar por condução descuidada (ou com descuidos) da política macroeconómica, deles ressalta a política orçamental agressivamente expansionista (i.e., pouco respeitadora da real margem de manobra do país, da sua incontornável condicionante externa) com que em 2009/10 se respondeu à desorientada estimulação “neokeynesiana” (ainda que balizada pelos três T’s de Timely, Targeted and Temporaryproposta pelas autoridades europeias e as suas consequências em termos de disparo da dívida pública. Sendo que, repito, muitíssimo pior estava ainda para vir...



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