sexta-feira, 18 de abril de 2014

FECHO DE MANDATO (II)



Associo-me como é óbvio ao meu colega de blogue no assinalar do último dia de atividade do Parlamento Europeu e sobretudo para registar aqui que, dada a proximidade que por razões familiares e de amizade este blogue mantém com a deputada Elisa Ferreira, não temos dado por simples questões de pudor a que esta nossa geração está irremediavelmente associada a devida relevância à sua insana e competente atividade de parlamentar.
Manter como parlamentar do grupo socialista, atravessado por contradições poderosas não só de ideias mas de agendas nacionais, a consistência crítica que Elisa Ferreira tem evidenciado quanto ao rumo da política macroeconómica europeia e, simultaneamente, negociar competentemente e ser reconhecida por isso uma questão chave como a questão da união bancária, não é para muitos e marca uma legislatura conturbada.
E ao mesmo tempo dou comigo a pensar que talvez uma das razões para essa não atenção devida à boa prática parlamentar se deva também à complexidade progressiva que as questões europeias têm vindo a assumir. Reconheço que, para um cidadão interessado e com alguma (não muita) formação nestas matérias, a monitorização democrática destas questões numa perspetiva de equilíbrio entre o que deve caber ao projeto europeu e o que tem de continuar a ser objeto de decisão nacional é cada vez mais uma tarefa de grande exigência. É confortável ter alguém como a Elisa Ferreira a fazer esse papel e julgo que caberá aos que vão ficando por cá manter laços de informação e de interpelação aos deputados europeus para garantir que a sua prática seja mais conhecida. Sabemos que nem sempre os reformistas que procuram equilíbrios e soluções não radicais em encruzilhadas como a europeia resistem à força dos extremos, neste caso o euroceticismo de rotura e de abandono e o apagamento pleno das instâncias nacionais. Esperemos que as eleições de maio continuem a garantir condições para que esse reformismo não seja trucidado e as agendas nacionais (necessariamente problemática com hegemonias indesejáveis) não ocupem exclusivamente o espaço da negociação.
Perante matérias tão transcendentes e imperiosas custa que se farta aguentar o desvirtuamento do debate eleitoral. Só espero que esse desvirtuamento não consuma esforço a quem precisa de acumular energias para os desafios da próxima legislatura.
Cara Elisa que a energia não te falte e a voz não esmoreça.

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