Associo-me como é óbvio ao
meu colega de blogue no assinalar do último dia de atividade do Parlamento
Europeu e sobretudo para registar aqui que, dada a proximidade que por razões
familiares e de amizade este blogue mantém com a deputada Elisa Ferreira, não
temos dado por simples questões de pudor a que esta nossa geração está
irremediavelmente associada a devida relevância à sua insana e competente
atividade de parlamentar.
Manter como parlamentar do
grupo socialista, atravessado por contradições poderosas não só de ideias mas
de agendas nacionais, a consistência crítica que Elisa Ferreira tem evidenciado
quanto ao rumo da política macroeconómica europeia e, simultaneamente, negociar
competentemente e ser reconhecida por isso uma questão chave como a questão da
união bancária, não é para muitos e marca uma legislatura conturbada.
E ao mesmo tempo dou comigo
a pensar que talvez uma das razões para essa não atenção devida à boa prática
parlamentar se deva também à complexidade progressiva que as questões europeias
têm vindo a assumir. Reconheço que, para um cidadão interessado e com alguma (não
muita) formação nestas matérias, a monitorização democrática destas questões
numa perspetiva de equilíbrio entre o que deve caber ao projeto europeu e o que
tem de continuar a ser objeto de decisão nacional é cada vez mais uma tarefa de
grande exigência. É confortável ter alguém como a Elisa Ferreira a fazer esse
papel e julgo que caberá aos que vão ficando por cá manter laços de informação
e de interpelação aos deputados europeus para garantir que a sua prática seja
mais conhecida. Sabemos que nem sempre os reformistas que procuram equilíbrios
e soluções não radicais em encruzilhadas como a europeia resistem à força dos
extremos, neste caso o euroceticismo de rotura e de abandono e o apagamento
pleno das instâncias nacionais. Esperemos que as eleições de maio continuem a
garantir condições para que esse reformismo não seja trucidado e as agendas
nacionais (necessariamente problemática com hegemonias indesejáveis) não ocupem
exclusivamente o espaço da negociação.
Perante matérias tão
transcendentes e imperiosas custa que se farta aguentar o desvirtuamento do
debate eleitoral. Só espero que esse desvirtuamento não consuma esforço a quem
precisa de acumular energias para os desafios da próxima legislatura.
Cara Elisa que a energia não
te falte e a voz não esmoreça.
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