(Agustin Sciammarella, http://elpais.com)
Tudo recomeçou com um acossado Hollande a ver-se forçado, perante uns desastrosos resultados nas eleições locais, a despedir Ayrault à frente do governo, substituindo-o por Manuel Valls – um “socialista de direita” que era um ministro do Interior em máximos de popularidade. Tudo para uma mudança de estilo combinada com uma aparente síntese de equilíbrios e tendências.
(Jean
Plantu, http://lemonde.fr)
Depois, com as primeiras declarações e decisões vieram de imediato ao de cima as lutas intestinas ao PS, com Valls a responder impondo o afastamento de Harlem Désir da função de primeiro secretário e a nomeação de Jean-Christophe Cambadélis. Este, por sua vez, não tardou em afirmar a sua determinação no sentido de contribuir para uma renovação dos vieux logiciels do PS.
(Jean
Plantu, http://lemonde.fr)
Pelo meio, o presidente e alguns dos seus mais próximos correligionários ainda tentaram conseguir que os parceiros e as autoridades europeias aceitassem rever os compromissos macroeconómicos assumidos pelo país, mas Schäuble, sempre atento aos golpes de rins, não lhes deu quaisquer hipóteses de assim poder vir a ser. Com Durão e a sua Comissão a logo manifestarem o seu acordo, como zelosamente lhes cabe.
E, em assim sendo, Valls não se fez rogado e não quis deixar a coisa por menos do que ribombando “um momento de verdade” e pondo o seu ministro das Finanças à cata de poupanças suplementares em relação às previamente anunciadas de 50 mil milhões de euros, não sem simultaneamente se referir ainda ser obrigação da França não recusar a realidade com que está defrontada.
(Jean
Plantu, http://lemonde.fr)
Confirmou-se então o que já parecia óbvio: tinham existido promessas de que haveria renegociação com Bruxelas para um aliviar dos constrangimentos e a constatação da sua não concretização deu lugar a uma significativa “fronda parlamentar” que, apesar de um gesto simbólico em favor das reformas mais baixas, não evitou a abstenção de 41 deputados socialistas, indiciando assim que a maioria absoluta pode estar em risco para os próximos anos de legislatura.
E, para que conste e se possa ir monitorando, termino com os compromissos que Matignon e Bercy puseram em cima da mesa. Sendo que, a após vários analistas terem considerado que eles primam por otimistas, as previsões de Primavera da Comissão Europeia (ontem divulgadas) já as questionam expressamente (estimando um défice de -3,9% para este ano e de -3,4% para o próximo). E tenho até mesmo a crescente convicção de que muita euro-coisa se vai definir passando por estas paragens...
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