Os efeitos colaterais das europeias estão em
marcha.
Uma análise particular às eleições espanholas em
que o PP resiste maioritário por dois deputados, mostra que o principal efeito
foi a destruição do bipartidarismo de alternância entre o PP e o PSOE.
E no meio dos destroços Rubalcaba foi o primeiro
a cair, vergado ao peso de uma pesada derrota, não pelos números, mas sobretudo
pela incapacidade de mobilização do descontentamento da sociedade espanhola na
sequência de um atribulado resgate do sistema bancário espanhol. Mas na prática
Rubalcaba não é o único a cair. Elena Valenciano, que liderava a lista do PSOE,
acaba também por levar por tabela. Talvez seja a hora de Carmen Chacón, que se
tem resguardado, mas vá lá saber-se como é que os humores do aparelho socialista
espanhol vão comportar-se.
Rubalcaba é um homem sério, honesto, que talvez
tenha apanhado os estilhaços de um Zapatero em queda e das insuficiências e cedências
da governação do mesmo. Outrora velocista dos 100 metros, Rubalcaba foi
obrigado a um percurso resistente de corredor de fundo para o qual mostrou que
não tem resistência suficiente. A pressão sobre o PSOE assemelha-se remotamente
à que o PS português vai experimentar, mas neste caso com os históricos do
partido como Felipe Gonzalez a puxar para o acordo necessário com o PP (quem
diria, mas que voltas a história dá!).
No âmbito do bipartidarismo em queda, é
importante registar o fenómeno PODEMOS, a nova força política que valeu nas
europeias de ontem 1.245.948 votos e 5 deputados. Um misto de denúncia dos vícios
do sistema partidário, da corrupção e de tentativa de recuperação das virtualidades
nobres da participação democrática. A questão fundamental consistirá em saber
se é mais um fenómeno efémero ou sem potencialidades para um desenvolvimento
orgânico.
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