segunda-feira, 26 de maio de 2014

PODEMOS!



Os efeitos colaterais das europeias estão em marcha.
Uma análise particular às eleições espanholas em que o PP resiste maioritário por dois deputados, mostra que o principal efeito foi a destruição do bipartidarismo de alternância entre o PP e o PSOE.
E no meio dos destroços Rubalcaba foi o primeiro a cair, vergado ao peso de uma pesada derrota, não pelos números, mas sobretudo pela incapacidade de mobilização do descontentamento da sociedade espanhola na sequência de um atribulado resgate do sistema bancário espanhol. Mas na prática Rubalcaba não é o único a cair. Elena Valenciano, que liderava a lista do PSOE, acaba também por levar por tabela. Talvez seja a hora de Carmen Chacón, que se tem resguardado, mas vá lá saber-se como é que os humores do aparelho socialista espanhol vão comportar-se.
Rubalcaba é um homem sério, honesto, que talvez tenha apanhado os estilhaços de um Zapatero em queda e das insuficiências e cedências da governação do mesmo. Outrora velocista dos 100 metros, Rubalcaba foi obrigado a um percurso resistente de corredor de fundo para o qual mostrou que não tem resistência suficiente. A pressão sobre o PSOE assemelha-se remotamente à que o PS português vai experimentar, mas neste caso com os históricos do partido como Felipe Gonzalez a puxar para o acordo necessário com o PP (quem diria, mas que voltas a história dá!).
No âmbito do bipartidarismo em queda, é importante registar o fenómeno PODEMOS, a nova força política que valeu nas europeias de ontem 1.245.948 votos e 5 deputados. Um misto de denúncia dos vícios do sistema partidário, da corrupção e de tentativa de recuperação das virtualidades nobres da participação democrática. A questão fundamental consistirá em saber se é mais um fenómeno efémero ou sem potencialidades para um desenvolvimento orgânico.

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