domingo, 4 de maio de 2014

ESPANHA, PARA COMPARAR



Que me desculpem os leitores fiéis ou acidentais do Interesse Privado, Acção Pública, mas perante todo este jogo de sombras e do faz de conta que a encenação da saída limpa representa, apetece tudo menos falar desse vazio de argumentos para papalvo incauto absorver.
Recorro por isso ao Nada es Grátis um blogue que temos recomendado, embora com um padrão editorial bem diferente e não alinhando pelas mesmas linhas de reflexão. Mas trata-se de um espaço de gente muito bem preparada, intelectualmente honesta e que nos interpela sistematicamente com evidência empírica sobre a economia espanhola, combatendo ideias tolas, falsas ou premeditadas.
Também pelas bandas de Espanha, o clima de branqueamento está no auge, procurando capitalizar o reinteresse dos mercados pela economia espanhola. Já aqui chamámos a atenção da chegada em massa aos mercados espanhóis de fundos de investimento internacionais interessados em comprar pelo preço da chuva uma grande parte do capital imobiliário arruinado pela bolha financeira espanhola.
O tema de hoje suscitado pelo Nada es Grátis (J. Ignacio Conde-Ruiz e Marcel Jansen) é, porém, o do mercado de trabalho, desmontando a ideia da recuperação sem mácula. Também por cá o DEO quase ignora o desemprego.
O gráfico que abre o post parte da evidência recente da economia espanhola continuar a destruir emprego e compara para as últimas três crises a dimensão da destruição de emprego. O comportamento da curva a verde fala por si e mostra que ignorar este facto equivale a um execrável branqueamento do processo que atingiu o coração das economias do sul, neste caso da espanhola.
O gráfico abaixo chama a atenção para o fenómeno estrutural da queda da população ativa, que deve relativizar o comportamento da população ocupada, em recuperação mas ainda abaixo do início da legislatura do PP. O comportamento da taxa de emprego e da massa de população ocupada evidenciam bem a dimensão devastadora dos anos 2008-2013.
E finalmente, tal como cá, a evolução do desemprego e do desemprego de longa duração apresentam uma conformidade aterradora, o que mostra bem as repercussões duradoras sobre o mercado de trabalho.

Sem comentários:

Enviar um comentário