Que me desculpem os leitores
fiéis ou acidentais do Interesse Privado, Acção Pública, mas perante todo este
jogo de sombras e do faz de conta que a encenação da saída limpa representa,
apetece tudo menos falar desse vazio de argumentos para papalvo incauto
absorver.
Recorro por isso ao Nada es Grátis um blogue que temos
recomendado, embora com um padrão editorial bem diferente e não alinhando pelas
mesmas linhas de reflexão. Mas trata-se de um espaço de gente muito bem
preparada, intelectualmente honesta e que nos interpela sistematicamente com
evidência empírica sobre a economia espanhola, combatendo ideias tolas, falsas
ou premeditadas.
Também pelas bandas de
Espanha, o clima de branqueamento está no auge, procurando capitalizar o
reinteresse dos mercados pela economia espanhola. Já aqui chamámos a atenção da
chegada em massa aos mercados espanhóis de fundos de investimento internacionais
interessados em comprar pelo preço da chuva uma grande parte do capital imobiliário
arruinado pela bolha financeira espanhola.
O tema de hoje suscitado pelo Nada es Grátis (J. Ignacio Conde-Ruiz e
Marcel Jansen) é, porém, o do mercado de trabalho, desmontando a ideia da recuperação
sem mácula. Também por cá o DEO quase ignora o desemprego.
O gráfico que abre o post
parte da evidência recente da economia espanhola continuar a destruir emprego e
compara para as últimas três crises a dimensão da destruição de emprego. O
comportamento da curva a verde fala por si e mostra que ignorar este facto
equivale a um execrável branqueamento do processo que atingiu o coração das
economias do sul, neste caso da espanhola.
O gráfico abaixo chama a
atenção para o fenómeno estrutural da queda da população ativa, que deve
relativizar o comportamento da população ocupada, em recuperação mas ainda
abaixo do início da legislatura do PP. O comportamento da taxa de emprego e da
massa de população ocupada evidenciam bem a dimensão devastadora dos anos
2008-2013.
E finalmente, tal como cá, a
evolução do desemprego e do desemprego de longa duração apresentam uma
conformidade aterradora, o que mostra bem as repercussões duradoras sobre o
mercado de trabalho.
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