quarta-feira, 28 de maio de 2014

“ESTOU DISPONÍVEL”


Para os devidos efeitos de registo da nossa pequena história, eis o momento em que o País tomou conhecimento de que António Costa acabara de se mostrar disponível para vir a assumir a liderança do PS e de uma mudança política em Portugal. Disse, nomeadamente: “Aquilo que para mim é muito claro perante estes resultados eleitorais é que a derrota histórica que a direita portuguesa teve não correspondeu a vitória histórica que o PS tem de ambicionar ter nas próximas Legislativas. E não é só uma questão do PS, é uma questão do País. O País precisa de um governo sólido, que não esteja a prazo, que não seja fraco nem que resulte de soluções instáveis.”

A bomba rebentou com enorme estrondo nos meios socialistas e junto da comunicação social mais especializada, com os mais variados protagonistas e comentadores a colocarem-se, tomando posição ou a escolhendo lado. Mário Soares já se decidira na véspera ao escrever para o DN sobre a “vitória de Pirro” conseguida por Seguro e Assis e ao criticar o precipitado e excessivo triunfalismo destes. Ao invés, o filho João e Assis vieram assumir posições críticas em relação a Costa, assim como vários próximos do secretário-geral (Carlos Silva, João Proença, Álvaro Beleza e Eurico Dias). Por sua vez, o hábil Augusto Santos Silva preferiu sublinhar a vantagem de qualquer solução que passe pela candidatura de Costa a primeiro-ministro e o perspicaz Alegre preferiu defender a desejabilidade de um debate aberto e transparente das alternativas.

Em substância, dois pontos merecem desde já ser destacados como essenciais. Por um lado, e enquanto Costa passou a ter a enorme responsabilidade de pôr com clareza em evidência as suas diferenças (programáticas e operacionais), Seguro vai ter certamente dificuldade em recusar um confronto sem que desse modo se revele aos olhos da maioria dos cidadãos eleitores como alguém que prefere uma vitória interna na secretaria a um bom e afirmativo combate de ideias e projetos para Portugal, i.e., sem que tal mais não lhe sirva do que de antecâmara para uma derrota nacional em 2015 – aceitam-se apostas... Por outro lado, a dramática situação em que se encontram a economia e a sociedade portuguesas exigem que qualquer dos dois adversários se mostre capaz de valorizar a necessidade de uma definição partidária suficientemente a tempo de não inviabilizar, por pantanoso empastelamento, aquilo que tem mesmo de ser feito...

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