Para quem não é um verdadeiro especialista mas apenas um modesto mas inveterado apreciador da Sétima Arte, os critérios de avaliação de uma obra cinematográfica são necessariamente de fundamentação pouco exigente e tendem a cingir-se a uma espécie de feeling a favor ou contra por razões que oscilam entre um saber de experiência feito que entra por nós adentro e um estado empático que quase inconscientemente de nós irradia.
À luz dessa minha perspetiva enquanto espectador, o filme do indiano Ritesh Batra passou folgadamente pelo duplo crivo. A afetividade que cresce entre Saajan (com Fernandes como nome de família) e Ila corresponde efetivamente a uma história simples mas muito bem contada, a um tema de contornos banais mas recheado de detalhes deliciosos, à aparência de uma comédia despretensiosa que se transforma numa inteligente narrativa de autor. Porque o resultado, sendo de uma grande beleza, não deixa de estar simultaneamente integrado num contexto social e pessoal complexo e quase até agressivo a diversos títulos.
Claro que a solidão move montanhas, trate-se da de um trabalhador de escritório já perto da reforma e viúvo ou da de uma jovem mulher presa a um quotidiano rotineiro e a um marido que a despreza e engana. E claro que a hipótese do amor é sempre uma excelente hipótese de solução...
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