(Passe a publicidade à FMS, pois a sessão de ontem foi promovida pela Católica)
Por afazeres profissionais de andarilho do
planeamento (do norte ao sul), um dia intenso de trabalho no Algarve impediu-me
de estar presente na Católica do Porto para ver como, sob a orientação do
Alberto Castro, a genialidade criativa do Félix Ribeiro jogava com a solidez de
três personalidades do Norte, Elisa Ferreira, Miguel Cadilhe e Daniel Bessa.
Mas ainda bem que o meu colega de blogue cobriu o
evento e alguma conversa com quem tem trabalho de proximidade comigo e também
esteve presente no debate ajudaram a minimizar a ausência.
Destaco sobretudo a necessidade de aprofundar o
debate em torno de uma ideia que é central à tese de Félix Ribeiro, que
consiste na defesa do espaço de oportunidade de Portugal negociar na União
Europeia com um pé mais firme na aproximação aos Estados Unidos da América.
Já aqui desenvolvi a ideia de que a parceria atlântica
é uma janela de oportunidade para Portugal no redesenho possível da globalização,
sobretudo na perspetiva de que a reorganização do comércio global está hoje
muito dependente dos mega-agrupamentos e que entre estes a parceria atlântica se
confronta com uma parceria asiática mais acelerada na negociação.
O problema principal a discutir na opção
americana portuguesa é compreensivelmente uma clarificação de estratégia de
futuro que o país está disposto a trilhar. O governo prefere cavalgar as
benesses da conjuntura, mas já se percebeu que uma performance económica que
depende da Galp de Sines fechar 45 dias para manutenção e de uma pequena paragem
que desconhecia na Autoeuropa não é lá nem muito sólida, nem sustentável. Já
estou a ver o governo proximamente a intrometer-se em períodos de paragem desta
natureza, para gerir melhor o tempo político. Uma boa prova de que não há
estratégia de futuro.
Mas mesmo admitindo que essa vontade de construir
estrategicamente um futuro emerge com uma alternativa democrática mais ou menos
robusta, a questão que se me coloca é a de saber que trunfos tem Portugal para
se afirmar nessa parceria atlântica. Félix é fortemente crítico do estatuto de
feitoria chinesa que o nosso inenarrável casal presidencial andou esta semana a
tentar construir, mas penso não rejeitar por exemplo uma aproximação ao Japão,
provavelmente bem mais estimulante em termos de exigência de desenvolvimento
tecnológico e estruturante do nosso perfil de especialização que o modelo de
feitoria chinesa.
Mas esta era a questão que colocaria ao Félix se
tivesse podido estar presente. Quais são os trunfos que podemos mobilizar para
construir essa negociação com a parceria atlântica. Os Açores são um trunfo
curto. Necessitamos de trunfos mais consistentes e não os intuo com facilidade.
Talvez o Félix Ribeiro os identifique.
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