sexta-feira, 2 de maio de 2014

UM DISCURSO AREJADO



A passagem de Rui Tavares, em representação do Livre, pela SIC Notícias, em horário nobre com Ana Lourenço (mais um felizardo) constitui um ato de justiça realizado pelo canal para compensar as difíceis condições de campanha política com que o novo agrupamento político vai confrontar-se.
Não escondo a simpatia que nutro pela maneira de fazer política de Rui Tavares, pela sua passagem pelo Parlamento Europeu, pela sua rejeição do sectarismo bloquista, talvez pela sua ingenuidade com que afirma a sua diferente maneira de fazer política, por se tratar de alguém bem-intencionado pelo menos até ter evidência de prova contrária. Para além disso, estou bastante próximo da perspetiva pro-europeísta de Rui Tavares, crítico do Pacto Orçamental e do défice democrático da Europa dos Diretórios afastados da luta política do Parlamento Europeu e da validação democrática dos Parlamentos nacionais. Estou com ele na denúncia do desinteresse com que a comunicação social e as forças políticas encararam a possibilidade de um debate em Portugal dos candidatos ao exercício de Presidente da Comissão Europeia. Por todos os motivos assinalados, a não reeleição possível de Rui Tavares em simultâneo com a possível eleição de algumas múmias como Manuel dos Santos no PS ou alguns festivaleiros do PSD é algo que me choca e me perturba seriamente.
Estarei perante um dilema clássico: qual será o custo-benefício de um voto isolado como o meu, tendo em vista o objetivo central de preparar uma alternância política para 2015? A racionalidade deste objetivo eleva seguramente o risco de um voto perdido. Mas contribuir para colocar Manuel dos Santos no Parlamento Europeu é coisa para me atormentar o juízo durante muito tempo. Mas que dilema!

5 comentários:

  1. Nunca falhei uma eleição, poucas vezes contribuí para eleger alguém, dou-me por satisfeito por nunca ter contribuído com voto meu para eleger oportunistas, lambe-botas, mediocres, tecnocratas, "vozes-do-dono", defensores da finança internacional e dos famigerados "mercados", isso sim seria voto inútil, o meu voto é útil só porque não elege bosta e se todos votarem em consciência muitos Ruis Tavares serão eleitos.

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  2. Subscrevo grande parte das coisas que dizes. Sem quaisquer duvidas, eu vou votar no Livre!

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  3. Ao LIVRE falta apenas, neste momento, visibilidade

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  4. O Rui Tavares não representa uma pedrada no charco do pensamento politico no nosso país mas tem a lucidez suficiente para perceber que à esquerda portuguesa tem faltado inteligência, capacidade de interpretar a nossa história recente e sentido de futuro.

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  5. Uma boa razão para preferir o LIVRE ao PS nestas Europeias é a posição face ao Tratado Transatlântico: a ameaça mais séria ao modelo social europeu desde o início da UE, e também à sustentabilidade ambiental da indústria em ambos os países, e - de uma forma muito profunda - à Democracia.

    Para os simpatizantes do PS, existe uma outra razão, menos profunda, mais táctica: um mau resultado do PS nas europeias deve dar força a quem defende uma mudança de liderança, o que deverá resultar numa votação muito melhor por altura das legislativas...

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