Vejam só como, ao contrário das mentirosas declarações dos responsáveis governativos ou dos seus repetidores de serviço, é completamente precária toda a nossa envolvente. Hoje mesmo, o prémio de risco das obrigações portuguesas a 10 anos relativamente às alemãs atingiu 262 pontos básicos, 61 acima do mínimo histórico recente de 201 que tinha sido atingido em 8 de maio e quase exatamente ao mesmo nível (263) que se verificava em 21 de março, uma situação que aliás ocorre (mais ponto menos ponto) em todos os países da periferia europeia. Mas será que tais constatações corresponderão a afirmar que andamos dois meses para trás? Sim e não, ou melhor, antes pelo contrário.
Falemos seriamente: não apenas todo o foguetório governamental em torno da queda das taxas de juro dos últimos meses não foi justificado pela sua magnífica obra e um resultado da credibilidade do seu “mais que troikista” programa de ajustamento como também a subida que está em curso não é culpa própria. Antes como agora, trata-se dos nervosos mercados a funcionar/especular, antes em busca de aplicações alternativas aos países emergentes para os seus excessos de liquidez e agora em resposta à aproximação das eleições europeias e de alguns riscos que se lhes começam a associar. Ou seja, e portanto: a questão é, feliz ou infelizmente, bem mais prosaica e alheia à nossa/deles vontade, ficando mostrado à saciedade quanto estamos dependentes de realidades externas cujo controlo nos escapa em absoluto – dá para entender de uma vez por todas?
Sem comentários:
Enviar um comentário