Embora sem ter perdido a oportunidade para fruir de diversos momentos de prazer – desde uma visita de reconhecimento aos continuados progressos da Clara até à visualização do jogo do título em Espanha e a uma passagem noturna pelo Procópio, onde o Nuno Brederode ocupava a mesa do costume e estive à conversa com a Margarida Figueiredo, no Sábado; desde um belíssimo concerto pela Orquestra Sinfónica do Porto (interpretando Dmitri Chostakovitch) na Casa da Música, magnificamente comentado por Daniel Moreira, até ao convívio com alguns amigos reencontrados e ao “repouso do guerreiro” em final de tarde, no Domingo –, este fim de semana lá fiz as minhas incursões pelas iniciativas políticas levadas a cabo pelos socialistas portugueses em busca de protagonizarem uma “mudança” de que o País indiscutivelmente carece.
A Convenção Nacional “Um Novo Rumo para Portugal”, a que só assisti parcialmente, foi um momento razoavelmente bem conseguido e bastante participado, pese embora por lá pouco ter passado o tal debate europeu em gravíssima falta. Pena que, enquanto a maioria desboca e esconde a sua cumplicidade na dramática situação da Europa e enquanto alguma esquerda desconversa e proclama as suas axiomáticas inverdades europeias, o PS não aproveite para fazer mais a diferença navegando ao sabor de alguns acquis que se lhe reconhecem na prática parlamentar europeia de mandatos recentes e ilustrando mais seriamente os recursos e as margens de manobra existentes para novas convergências internacionais no sentido de uma “nova Europa”. Quanto ao resto, destaque para o contraste entre as lengalengas cansadas e inaudíveis de velhos que se recusam a abandonar o palco e a brilhante intervenção de Jorge Sampaio, assim como para as 80 medidas programáticas apresentadas – entre compromissos ditos para cumprir e um primeiro esboço de um programa de governo –, sobre as quais me reservo para uma melhor análise mas refiro desde já que me parece que a sua apresentação teria maior cabimento após o dia 25 de maio e que não tendo a apreciar especialmente nem o afunilamento numa cada vez mais esgotada inteligência lisboeta que está na sua origem nem o cartesianismo “maria-joãozista” que notoriamente lhes está subjacente. Ainda que não deixem de haver ali elementos para um caminho e matéria a merecer trabalho e aprofundamento.
O comício do Porto, na Praça D. João I, também acabou por resultar num relativo sucesso. Embora pessoalmente duvide cada vez mais da eficácia real deste tipo de campanha eleitoral em que os aparelhos partidários estão incontornavelmente viciados. O certo é que Carneiro e seus próximos cumpriram com o que se lhes pedia e que a coisa teve gente, foi rapidinha e conheceu um ritmo inabitual – nada como haver o Benfica a jogar a seguir... –, assim como que a presença de Seguro está bastante mais solta e confiante.
Veremos o que ocorrerá nas urnas. Abstenção gigantesca à parte, admito três cenários a que atribuo graus de probabilidade não muito diversos: o primeiro seria o de um resultado previsível dentro de uma lógica votante relativamente conservadora e saldar-se-ia por 10 deputados para o PS, 8 para a coligação PSD-CDS, 2 para a CDU e 1 para o Bloco; o segundo passaria por um deputado menos para o PS em benefício de um terceiro para a CDU ou da eleição de Marinho Pinto; o terceiro evidenciaria uma rotura relativamente mais significativa com os partidos tradicionais de poder e desembocaria em 8 para o PS, 7 para a coligação de direita, 3 para a CDU, 1 para o Bloco e as eleições de Marinho Pinto (MPT) e Rui Tavares (Livre). Já relativamente à derivação de consequências, a coisa fiará seguramente mais fino...
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