Ausente do País, só agora visualizei o primeiro episódio de “Os Dias da Troika” que a SIC transmitiu na semana passada e em que Fernando Teixeira dos Santos (FTS) aceitou participar – embora não o tivessem querido fazer Sócrates, Cavaco, Passos e Carlos Costa – e novamente se veio pronunciar, com notória incomodidade e mau jeito, sobre o resgate português de 2011. As razões para este facto transcendem a minha compreensão, tanto mais quanto FTS já abordara o tema em sucessivas intervenções, aliás nem sempre integralmente compatíveis entre si, desde a sua decisão de quebrar um silêncio de três anos em meados do ano passado.
O histórico deste espaço permite aceder ao registo de algumas daquelas declarações e dos comentários que elas então nos foram merecendo, com destaque para os meus posts de 1 de julho 2013 (“Registos de uma entrevista importante”), 23 de outubro 2013 (“Conta-corrente”) e 18 de janeiro do corrente ano (“Aprimoramento fernandino”). Pois desta vez acrescentou o seguinte aos anteriores ditos: “A ideia de que nós teríamos que pedir esse resgate tornou-se óbvia logo a partir do pedido de ajuda da Irlanda. Os nossos parceiros europeus tinham uma opinião já formada quanto a isso, achavam que Portugal devia seguir as pisadas da Irlanda.”
E mesmo se FTS também tentou ir dando outras na ferradura – como, p.e., quando assim se referiu ao PEC 4: “Tenho consciência que é muito difícil dizer com certeza absoluta que teria sido em si suficiente para enfrentar depois os desenvolvimentos que tivemos, desenvolvimentos que não dependeram só da situação portuguesa” –, não deixou de resultar uma sensação de excesso e desnecessidade que só contribui para penalizar a imagem que tão justamente construiu em cima da sua competência, dedicação e seriedade. É que nem sempre o brilho das luzes consegue ofuscar o ouro discreto do silêncio...
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