domingo, 17 de março de 2013

A AGENDA DE DRAGHI



A apresentação feita por Mário Draghi na obscura cimeira desta semana em Bruxelas tem alguns elementos relevantes para compreender a sua agenda, que releva de uma filosofia essencialmente baseada na dimensão do mercado único.
Para além de uma sistematização dos principais dados relevantes para a caracterização da situação económica atual da União Europeia, com ênfase particular no completo flop em que o comportamento do crédito às empresas se tem transformado (ver gráfico abaixo), é particularmente informativo ver como Draghi perspetiva a instalação dos fundamentos para o crescimento económico.
Analisemos o modelo proposto por Draghi:

 
  • Do reforço da procura global nem vê-lo;
  • Do ponto de vista da política monetária, parece não ser desse flanco que resulta fragilidade;
  • Quanto à restauração dos fatores de confiança sabemos de que é que a casa gasta, o equilíbrio orçamental é visto como a fonte de toda a confiança futura e como se tem visto o investimento está longe de considerar essa estabilização orçamental como o horizonte ideal para restaurar o seu ritmo de crescimento; para além disso, veremos como o epicentro Chipre pode abalar toda essa pretensa confiança;
  • Quanto à recuperação do crédito, o gráfico acima revela bem o flop dessa preocupação e a falência do “quantitative easing” para lograr tornar o crédito às empresas mais fluido;
  • Quanto à recuperação da competitividade, a agenda continua obscura sobretudo de tivermos em conta as conclusões do próprio Draghi:
    • Revisão dos mercados de produtos e do trabalho, avaliando se são compatíveis com a participação na união monetária;
    • Reformas contratuais para os países mais pressionados pela competitividade;
    • Completa implementação da legislação do mercado único.
Haverá agenda mais clara? O combate a esta agenda deve ser central a toda a preocupação de alternativa.

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