A apresentação feita por Mário Draghi na obscura
cimeira desta semana em Bruxelas tem alguns elementos relevantes para
compreender a sua agenda, que releva de uma filosofia essencialmente baseada na
dimensão do mercado único.
Para além de uma sistematização dos principais
dados relevantes para a caracterização da situação económica atual da União Europeia,
com ênfase particular no completo flop
em que o comportamento do crédito às empresas se tem transformado (ver gráfico
abaixo), é particularmente informativo ver como Draghi perspetiva a instalação
dos fundamentos para o crescimento económico.
- Do reforço da procura global nem vê-lo;
- Do ponto de vista da política monetária, parece não ser desse flanco que resulta fragilidade;
- Quanto à restauração dos fatores de confiança sabemos de que é que a casa gasta, o equilíbrio orçamental é visto como a fonte de toda a confiança futura e como se tem visto o investimento está longe de considerar essa estabilização orçamental como o horizonte ideal para restaurar o seu ritmo de crescimento; para além disso, veremos como o epicentro Chipre pode abalar toda essa pretensa confiança;
- Quanto à recuperação do crédito, o gráfico acima revela bem o flop dessa preocupação e a falência do “quantitative easing” para lograr tornar o crédito às empresas mais fluido;
- Quanto à recuperação da competitividade, a agenda continua obscura sobretudo de tivermos em conta as conclusões do próprio Draghi:
- Revisão dos mercados de produtos e do trabalho, avaliando se são compatíveis com a participação na união monetária;
- Reformas contratuais para os países mais pressionados pela competitividade;
- Completa implementação da legislação do mercado único.
Haverá agenda mais clara? O combate a esta agenda
deve ser central a toda a preocupação de alternativa.
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