terça-feira, 26 de março de 2013

UMA SAÍDA QUE PODE QUERER DIZER MUITO …



Foi hoje confirmado que o secretário de Estado adjunto do ministro da Economia e do Desenvolvimento Regional, Almeida Henriques, iria, a partir de 15 de abril, abandonar o governo para se dedicar à sua candidatura à Câmara Municipal de Viseu, onde se perfila uma luta interessante (Almeida Henriques versus José Junqueiro) na sucessão a Fernando Ruas, em terras de PSD profundo.
Até aqui nada de novo. A notícia era dada como certa, sobretudo depois da concelhia e distrital do PSD se ter pronunciado, pelos vistos unanimemente, sobre tal candidatura.
Onde está então o possível significado da saída de Almeida Henriques?
Ora o que foi comunicado é que o secretário de Estado em questão não seria substituído. Sabendo nós que Almeida Henriques concentrava nos últimos tempos praticamente todo o processo de preparação do próximo período de programação dos Fundos Estruturais (o próximo QEC que substituirá o atual QREN) e que alardeava no terreno uma interessante vitalidade e desenvoltura nessa matéria, contrastando com os zombies em que alguns membros do Governo se transformaram. Sabendo que existe uma tensão surda no interior do Governo (Ministério das Finanças versus Economia e Ministério dos Estrangeiros) acerca do modelo de gestão do próximo QEC, estando em confronto um modelo mais centralizado e de instrumentalização desse QEC para compensar insuficiências orçamentais públicas (Finanças) versus a manutenção do modelo QREN com participação das CCDR (Economia – Almeida Henriques, que a partir da sua experiência no Conselho Empresarial do Centro sabe bem o que pode significar esse confronto. Sabendo também que a Comissão Europeia (via DG REGIO) se tem torcido toda quanto a esta mudança de rumo da gestão dos Fundos Estruturais em Portugal, podendo considerar-se um aliado das posições de Almeida Henriques. Sabendo tudo isto, a saída de Almeida Henriques sem substituição deliberada só pode significar uma de duas coisas, não desvalorizando o interesse da batalha autárquica em Viseu. Ou anuncia uma espécie de fim de festa e desmantelamento governativo que, a acontecer, será penoso para algumas personalidades mais arrivistas (o que não é o caso da solidez de Almeida Henriques). Ou então anuncia que Gaspar tem mais poder do que parece, mesmo encostado às cordas, sugerindo que o ministério das Finanças ganhará a batalha oculta em torno da gestão dos Fundos Estruturais. Uma personagem silenciosa, Vasco Cal, quem o viu e quem o vê, membro de uma task-force que funciona junto de Vítor Gaspar e que tem ligação direta a Durão Barroso, deverá jogar aqui algum papel.
E o que é António José Seguro e o PS têm a dizer sobre isto e sobre a futura gestão do QEC? Só nestas questões será possível antever que governação é expectável a partir da sua pretensa e ainda não demonstrada alternativa. Para além de precisarmos de saber quem é o seu Ministro das Finanças. Obsessão da minha parte? Talvez! Mas de qualquer modo crucial para se entender se há alternativa real ou se há apenas blá, blá.

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