Foi hoje confirmado que o secretário de Estado
adjunto do ministro da Economia e do Desenvolvimento Regional, Almeida
Henriques, iria, a partir de 15 de abril, abandonar o governo para se dedicar à
sua candidatura à Câmara Municipal de Viseu, onde se perfila uma luta
interessante (Almeida Henriques versus José Junqueiro) na sucessão a Fernando
Ruas, em terras de PSD profundo.
Até aqui nada de novo. A notícia era dada como
certa, sobretudo depois da concelhia e distrital do PSD se ter pronunciado,
pelos vistos unanimemente, sobre tal candidatura.
Onde está então o possível significado da saída
de Almeida Henriques?
Ora o que foi comunicado é que o secretário de Estado
em questão não seria substituído. Sabendo nós que Almeida Henriques concentrava
nos últimos tempos praticamente todo o processo de preparação do próximo período
de programação dos Fundos Estruturais (o próximo QEC que substituirá o atual
QREN) e que alardeava no terreno uma interessante vitalidade e desenvoltura nessa
matéria, contrastando com os zombies em que alguns membros do Governo se
transformaram. Sabendo que existe uma tensão surda no interior do Governo
(Ministério das Finanças versus Economia e Ministério dos Estrangeiros) acerca
do modelo de gestão do próximo QEC, estando em confronto um modelo mais centralizado
e de instrumentalização desse QEC para compensar insuficiências orçamentais públicas
(Finanças) versus a manutenção do modelo QREN com participação das CCDR
(Economia – Almeida Henriques, que a partir da sua experiência no Conselho
Empresarial do Centro sabe bem o que pode significar esse confronto. Sabendo também
que a Comissão Europeia (via DG REGIO) se tem torcido toda quanto a esta
mudança de rumo da gestão dos Fundos Estruturais em Portugal, podendo
considerar-se um aliado das posições de Almeida Henriques. Sabendo tudo isto, a
saída de Almeida Henriques sem substituição deliberada só pode significar uma
de duas coisas, não desvalorizando o interesse da batalha autárquica em Viseu. Ou
anuncia uma espécie de fim de festa e desmantelamento governativo que, a acontecer,
será penoso para algumas personalidades mais arrivistas (o que não é o caso da
solidez de Almeida Henriques). Ou então anuncia que Gaspar tem mais poder do
que parece, mesmo encostado às cordas, sugerindo que o ministério das Finanças
ganhará a batalha oculta em torno da gestão dos Fundos Estruturais. Uma
personagem silenciosa, Vasco Cal, quem o viu e quem o vê, membro de uma task-force que funciona junto de Vítor
Gaspar e que tem ligação direta a Durão Barroso, deverá jogar aqui algum papel.
E o que é António José Seguro e o PS têm a dizer
sobre isto e sobre a futura gestão do QEC? Só nestas questões será possível antever
que governação é expectável a partir da sua pretensa e ainda não demonstrada
alternativa. Para além de precisarmos de saber quem é o seu Ministro das Finanças.
Obsessão da minha parte? Talvez! Mas de qualquer modo crucial para se entender
se há alternativa real ou se há apenas blá, blá.
Sem comentários:
Enviar um comentário