sexta-feira, 22 de março de 2013

COM BRESSER E CRAVINHO


Apresentei e moderei, na noite passada, a primeira sessão do novo ciclo de conferências da Fundação de Serralves, “O Imaterial 2”. Outra vez comissariada por Artur Castro Neves – um intelectual “enciclopédico” como já começam a rarear neste lugar que abarrota em especialistas –, a iniciativa promete “colocações” interessantes. Parabéns, Kico!
 
Os meus companheiros de painel foram Luís Bresser Pereira, professor da Fundação Getúlio Vargas e ex-ministro de FHC, e João Cravinho. Ambos portadores de uma mensagem de algum otimismo nestes tempos a tal pouco propícios. O primeiro, na sua abordagem de um “novo-desenvolvimentismo” que contrapõe ao neoliberalismo económico. O segundo, na sua leitura de um capitalismo europeu que já não pode prescindir do Estado Social para se reproduzir. Os dois assim contribuindo para a reconsideração de ideias que o mainstream tem procurado impopularizar, designadamente no tocante à constância de fundamentos para um papel relevante por parte do Estado nas sociedades globalizadas dos nossos dias.
 
O diagnóstico prevaleceu em relação às propostas e, talvez por isso, as convergências pareceram bem mais significativas do que as divergências. Estas apenas se ficaram pelo enunciado pontual, como a propósito das saídas para a crise (com Bresser a sustentar um desmantelamento organizado do Euro e Cravinho a ainda querer acreditar numa Europa capaz de honrar os seus valores originários).
 
Uma nota final sobre Bresser, que apenas conhecia dos livros desde a época em que lecionei no domínio do Desenvolvimento e Crescimento Económico: um pensamento consolidado, pesem embora alguns pequenos “desvios” latino-americanos, e uma excelente capacidade de comunicação será certamente uma síntese apropriada. Não sem ter começado, desde logo, por dizer ao que vinha: que é economista, mas gostaria mais de ser definido como um “teórico social”, e que privilegia a utilização do método histórico-dedutivo. Bem-haja!

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