Apresentei e moderei, na noite passada,
a primeira sessão do novo ciclo de conferências da Fundação de Serralves, “O Imaterial 2”. Outra vez comissariada por Artur Castro Neves – um intelectual
“enciclopédico” como já começam a rarear neste lugar que abarrota em
especialistas –, a iniciativa promete “colocações” interessantes. Parabéns,
Kico!
Os
meus companheiros de painel foram Luís Bresser Pereira, professor da Fundação Getúlio
Vargas e ex-ministro de FHC, e João Cravinho. Ambos portadores de uma mensagem
de algum otimismo nestes tempos a tal pouco propícios. O primeiro, na sua
abordagem de um “novo-desenvolvimentismo” que contrapõe ao neoliberalismo
económico. O segundo, na sua leitura de um capitalismo europeu que já não pode
prescindir do Estado Social para se reproduzir. Os dois assim contribuindo para
a reconsideração de ideias que o mainstream
tem procurado impopularizar, designadamente no tocante à constância de fundamentos
para um papel relevante por parte do Estado nas sociedades globalizadas dos
nossos dias.
O
diagnóstico prevaleceu em relação às propostas e, talvez por isso, as convergências
pareceram bem mais significativas do que as divergências. Estas apenas se
ficaram pelo enunciado pontual, como a propósito das saídas para a crise (com
Bresser a sustentar um desmantelamento organizado do Euro e Cravinho a ainda
querer acreditar numa Europa capaz de honrar os seus valores originários).
Uma
nota final sobre Bresser, que apenas conhecia dos livros desde a época em que
lecionei no domínio do Desenvolvimento e Crescimento Económico: um pensamento
consolidado, pesem embora alguns pequenos “desvios” latino-americanos, e uma
excelente capacidade de comunicação será certamente uma síntese apropriada. Não
sem ter começado, desde logo, por dizer ao que vinha: que é economista, mas
gostaria mais de ser definido como um “teórico social”, e que privilegia a
utilização do método histórico-dedutivo. Bem-haja!
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